Músicas01 - Palhaçada (Haroldo Barbosa / Luis Reis)
02 - Boato (João Roberto Kelly)
03 - Eu Não Sei Me Repetir (Horondino Silva "Dino" / Jota Santos)
04 - O Que Faltou (Renato de Oliveira)
05 - Murmurio (Luis Antônio / Djalma Ferreira)
06 - Água de Beber (Tom Jobim / Vinicius de Moraes)
07 - Deixei de Sofrer (Norival Reis / Jamelão)
08 - Que Fazer (Jaime Florence "Meira" / Jota Santos)
09 - Louca (Luis Mergulhão / Jorge Duarte)
10 - Chorou Chorou (Luis Antônio)
11 - Rosa do Mato (Sergio Ricardo / Geraldo Serafim)
12 - Não Sei Mais Fingir (Mota Vieira / Vicente Rodrigues / Nelson Paiva)
É uma daquelas grandes orquestras que rolavam na década de 1950 e 60 que depois foram desaparecendo e surgindo a Bossa Nova e a Jovem Guarda. Talvez já tenha comentado aqui: sair sábado a noite para dançar ao som de uma orquestra era algo mágico. A relação da música ao vivo com a sua parceira de dança era inesquecível. Você não sabia se olhava pra banda ou pra moça. Não era só ir lá e curtir, era todo um evento, uma preparação, uma expectativa. Aquele perfume. Só se falava naquilo, se programava pro baile. Corações a mil. Arrumar o cabelo, manicure e a modista. Os rapazes sempre bebiam algo antes da orquestra levantar o salão, era no boteco mais próximo, era em casa mesmo. Não dava pra entrar careta, o coração não suportava. Depois da grande noite, do grande baile: quem começou namorar quem... Se você não começou um namoro ali, só no próximo baile, na próxima semana, no próximo sábado. E começava tudo de novo, nova espera. Nem sempre aquela mesma orquestra iria tocar ali novamente. Talvez na cidade mais próxima, ou no clube rival que você não podia entrar. Naquela época tinha disso: cada clube tinha sua turma e uma não se entendia com a outra. Como era difícil você ganhar alguém. Parecia que toda menina estava comprometida. Tudo mentirinha. As tias lhes tinham ensinado a ser assim: difícil.
A Orquestra de Cid Gray era isso: chá dançante, orquestra de baile, check to check. Tudo de bom.
Parece um olhar de uma pequena cidade do interior. Não é não. O Brasil era provinciano mesmo. Rural, Jeca. Ninguém comia ninguém. A Bossa Nova é que tornou o Brasil moderno. O Cinema Novo, Brasília, JK, o Fusca, a Vespa. Em 1960 0 Brasil não fabricava carro, nem televisão. Éramos Jeca Tatu, roceiros. Não conhecíamos praia. Todo mundo tinha cravo e espinha. A Bossa Nova nos apresentou a praia, o chope, a garota, o biquíni, o mundo. Foi o Twitter da época. O nosso Facebook. Era como se todo garoto tivesse o direito de ter uma namorada bonita e pudesse fazer sexo com ela, sem preocupação. Isso foi a Bossa Nova.
Quando conhecemos a praia esquecemos as orquestras. Que pena. Infelizmente não dá pra ter tudo.
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