sábado, 30 de abril de 2011

Me dá a Penúltima


 
Essa música foi lançada no disco "Tiro de Misericórdia", de 1977, no lado B. Quando digo lado B, é porque na época era no bolachão de vinil que se gravava música. Era lado A ou B. Fora os Beatles, o lado B sempre ficou renegado para músicas que tinham menos chances de emplacar comercialmente. Isso na opinião dos entendidos das gravadoras. Os primeiros discos da dupla Bosco e Blanc quebraram esse paradígma. Os dois lados são excelentes. Na época, dizem que, muita coisa boa ficou de fora por falta de espaço. Gostaria de conhecer o que ficou de fora.

No formato original era uma levada samba-choro, com aquele violão de 7 costurando todos os intervalos, juntamente com o pandeiro e o cavaco naquelas escalas cromáticas em semifusas típicas do choro. Desta vez resolveram acalmar um pouco, acho que é a idade, e o fôlego já não é o mesmo. Também porque na versão acima quem leva a peteca é o Aldir e o fôlego do cara nunca foi lá essas coisas. Para a idade e as noitadas em rodas de samba até que ele está bem. Feliz. Gostei muito dessa versão. É puro sentimento. Foi uma tentativa, depois de anos, de reaproximação da dupla. Mas acho que a coisa já não dava mais liga. Chegaram a fazer alguma coisa juntos novamente, mas o tempo passou para todos. O importante, neste caso, é curtir as duas versões. Depois coloco a primeira na pista para deleite de todos nós.

O legal nesse filme é ver o João levando a coisa a sério e o Aldir, ainda com aquele frescor da juventude, levando tudo na sacanagem. Com aquele cabelo, a careca e o nariz, parece a foto perfeita de uma esfinge grega para uma nota de R$3,00.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Paulinho da Viola e Bethânia - 1969





Esse filmesinho, de 1969, peguei no Youtube. Faz parte do documentário "Saravah" do francês Pierre Barough. Achei bacana porque pega Paulinho e Bethânia bem novinhos, fumando e bebendo a sua cervejinha. Tudo expontâneo. Sem grandes produções. Sem a afetação das estrelas.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

domingo, 24 de abril de 2011

Bertrami_Koorax




Olha o Tatuí aí!

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Os Tatuis_1965

Músicos
José Roberto Bertrami (piano)
Cláudio Henrique Bertrami (baixo)
Vasconcelos (sax tenor)
Ivo Mendes (piston)
Aresky aratto (órgão)
Elizeu de Campos (bateria)

Músicas
01 - Vivo Sonhando (Tom Jobim)
02 - Nuvens (Durval Ferreira / Maurício Einhorn)
03 - Inútil Paisagem (Tom Jobim / Aloysio de Oliveira)
04 - Você (Roberto Menescal / Ronaldo Bôscoli)
05 - A Morte de Um Deus de Sal (Roberto Menescal / Ronaldo Bôscoli)
06 - Insensatez (Tom Jobim / Vinicius de Moraes)
07 - A Bossa do Zé Roberto (José Roberto Bertrami)
08 - Primavera (Carlos Lyra / Vinicius de Moraes)
09 - Samba do Avião (Tom Jobim)
10 - Sou Sem Paz (Adilson Godoy)
11 - Minha Namorada (Carlos Lyra / Vinicius de Moraes)
12 - O Menino das Laranjas (Theo de Barros)

José Roberto Bertrami nasceu em Tatuí, São Paulo, em 21 de fevereiro de 1946. Estou quase certo que o nome do grupo surgiu daí. Bertrami é aquele tecladista maneiro do famoso grupo Azimuth. Já já eu falo sobre tudo isso.

Não poderia falar desse disco sem falar em Bertrami. Façam as contas: nasceu em 1946 e o disco é de 1965. Noves fora: 19 anos. Dá pra imaginar um garoto de 19 anos com um disco deste? Essa pegada? Hoje garoto de 19 anos é um “débil mental de babar na gravata”, com raras exceções. Como dizia Nelson Rodrigues “com essa idade, ou é um Proust ou um idiota”.

Este é o único disco da turma. É aquele órgão horrível na primeira faixa. Mas neste caso, Bertrami, com apenas 19 anos (custo a acreditar. Deve ter algo errado), não abusa do instrumento, ou seja, não deixa virar churrascaria, pega no piano e manda ver. Os arranjos de metais são bastante vigorosos e a turma se esforça pra sair do lugar comum dos “Standards", embora fosse impossível não tocar Tom Jobim na década de 1960. Era “O Cara”. Nenhum conjunto sobreviveu sem tocar Tom.

Na música Você (Menescal e Bôscoli) você pode ouvir Bertrami no piano com aquela levada Bossa_Jazz_Samba super refinada. É Bill Evans no samba. Vale conferir.

A Morte de Um Deus de Sal, faixa 5, Bertrami, praticamente se vira sozinho. O piano é muito bom, mas a galera de fundo é fraca, convencional, “feijão com arroz”. Estão em um nível mais abaixo. Não é ruim, mas sem surpresa. Não compromete. É aquele baixão de jazz (4/4, sem saber muito bem como ir pro 2/4), bateria com algumas variações, sem usar muito o prato. E os sopros, são aquela delícia ao ouvinte. Quase baile. Tem uma sonoridade bacana. Dá gosto de ouvir. É acima da média. Afinal, são todos garotos tocando seus instrumentos. E bem. Muito bem.

Na faixa 9 (Samba do Avião), piano, sopro e bateria fazem aquele arranjo manjadão, puro Tom, muito bom. O piano se esforça e consegue. Bertrami usa todas aquelas escalas cromáticas do jazz (também manjadas. Parece Luiz Carlos Vinhas). Bacana. Ficou lindo. O cara é bom. Nada contra as cromáticas. Deixa o garoto tocar.

Os arranjos de sopro, em quase todo disco, são Mancini. A garotada adorava. Eumir Deodato, então, foi fã confesso. Na realidade, não tínhamos nada escrito para Big Band e Orquestra no Brasil. A coisa era passada de boca em boca. A turma da Gafieira contribuiu muito. Eles ouviam e escreviam os arranjos na marra. Nas coxas, como se dizia. Nas coxas mesmo. Era assim. Depois é que tivemos acesso aos Songbooks de Gleen Miller, Mancini, etc. Nos EUA já era comum. Já faziam parte dos acervos das universidades. Arranjos originais. Era só reunir a turma que sabia ler e vamos nós. Mas, essa é outra história. Ainda vou falar da turma da Gafieira. São os maiores músicos que já ouvi.

Bertrami se tornou compositor, arranjador e um “band leader” de primeira. Com seu grupo Azimütth (nessa grafia alemã como no original) ganhou o mundo. Ainda tenho muito que falar desse extraordinário músico. Mais tarde.

É um discão. Podem conferir. Garanto. A faixa 11 é uma delícia. Gostosa. Pra se ouvir com a namorada. É um disco bem gravado. Bom de se ouvir.

Na década de 1970 José Roberto Bertrami formou o Azimuth com Alex Malheiros e Ivan Miguel Conti, o Mamão. Ainda contava com o percussionista Ariovaldo Contesini.

Vamos ouvir a faixa 12 - O Menino Das Laranjas. Que piano! Como balança.

* Esse disco até em vinil é difícil de achar. Não conheço nenhum CD oficial. Por enquanto você acha procurando no Google por Os_Tatuis_1965

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Don Salvador Trio - 1967

Músicos
Don Salvador (piano)
Victor Manga (bateria)
Edson Lobo (baixo)

Músicas
01 - Tema Pro Gaguinho (Dom Salvador)
02 - Das Rosas (Dorival Caymmi)
03 - Miscelânia (Dom Salvador)
04 - Maria (Dom Salvador)
05 - Santarém (Dom Salvador)
06 - Pro Batera (Dom Salvador)
07 - Tematrio (dom Salvador)
08 - Arrastão (Edu Lobo e Vinícius de Morais)
09 - Rio É Sempre Rio (Dom Salvador)
10 - Promessa (Custódio Mesquita e Evaldo Ruy)
11 - Dedicação (Dom Salvador)
12 - Chegou O Carnaval (Dom Salvador)
Don ou Dom.
Sinceramente não sei por que mudou o nome. Em seus primeiros discos na década de 1960 a grafia era Don, mais tarde passou a ser conhecido com Dom. Inclusive na sua página oficial na web (http://www.domsalvador.com/base.htm) está Dom. Bom, deixa pra lá. Se alguém souber me escreva. Don Salvador (Salvador da Silva Filho) nasceu em Rio Claro, São Paulo, em 12/09/1939. Com 14 anos já tocava profissionalmente, apresentando-se com orquestra em bailes e festas de formatura. Diplomou-se pelo Conservatório Carlos Gomes e em 1960 foi tentar a sorte em São Paulo (capital). Igual a muitos outros, tocou em diversas casas noturnas para pegar confiança e experiência.

Em 1964 foi pro Rio de Janeiro tocar com o Copa Trio que acompanhava Elis Regina, Jorge Bem e outros. Ganhou projeção e foi considerado um dos melhores pianistas da época. Sempre solicitado para tocar com outros músicos. Don Salvador não é apenas um grande pianista, também é arranjador e um compositor bastante original. Em 1965 formou o Rio-65 Trio com Sérgio Barroso no baixo e Edson Machado na bateria. Em 66 esse Trio viajou para a Europa para acompanhar Edu Lobo, Rosinha de Valença, Silvinha Telles e Rubens Bassini. Depois foi pro EUA acompanhar Elza Soares. Depois disso ficou meio fora do circuito, só retornando em 1971 para gravar com o Grupo Abolição o embrião da “black music” no Brasil. Alguns componentes desse grupo mais tarde formou a Banda Black Rio, famosa pela mistura de funk e samba.

Em 1986 gravou mais um disco e depois partiu para os EUA onde mora até hoje.

Edson Lobo (Edson Lowndes de Gusmão Lobo)
Nasceu no Rio de Janeiro, em 28 de abril de 1947. Interessou-se por música desde cedo, principalmente Jazz, como era moda na época entre os garotos com mais grana. Lógico que aí rola toda uma influência familiar. Quase toda a garotada da Zona Sul do Rio de Janeiro passou por essa fase. O contrabaixo foi sua grande atração. No início começou praticando sozinho, depois entrou para a Escola Nacional de Música. Mas o momento decisivo para sua carreira ocorreu quando o baixista Cecil McBee, integrante do sexteto de Paul Winter, se hospedou em sua casa. Foi um mês de muito estudo e evolução. Tornou-se músico profissional atuando no quarteto de Mario Castro Neves e depois com Don Salvador Trio.

Em 1964 participou do disco de Waltel Branco “A turma do Bom Balanço”.

Participou do belíssimo disco de Banden Powell “Tempo Feliz” (1966) com o time: Baden Powell (violão), Mauricio Einhorn (harmonica), Chico Batera(bateria).

Em 1970 gravou com Victor Assis Brasil o extraordinário disco Esperanto, com Hélio Delmiro na guitarra, Don Salvador no piano e Edson Machado na bateria. Olha a patota aí novamente. Mais tarde vou colocar esse disco na pista, é imperdível.

Em 1973 participou do disco de João Donato “A Blue Donato”.

Em 1975 participou do disco "Mestiço” do desconhecido Luiz Henrique. Mas olha a turma que toca neste disco: J.T. Meirelles, Laércio de Freitas, Tenório Jr., Luizão, Paulinho Braga, Edison Machado e Hermes. Bom, ficaremos aqui a noite toda falando dos discos que o cara já participou. Merece um texto exclusivo sobre esse grande músico, embora não circule muito na mídia.

Victor Manga
Nasceu no Rio de Janeiro, em 23 de julho de 1938. Sobrinho de Carlos Manga, famoso cineasta, começou a tocar profissionalmente aos 20 anos e logo conheceu o Beco das Garrafas, onde se destacou. Foi aclamado como o maior baterista de Jazz do Brasil. Pertencia a patota de Tenório Jr., Edson Machado, Ed Maciel, Don Salvador, etc. Enfim a Turma do Beco como eram conhecidos. Era um baterista de Jazz, mas se adaptou a onda da Bossa Nova. Era fã de Art Blakey e Elvin Jones e no Brasil de Edson Machado, lógico e Airton Moreira.

Em 1962 participou do disco de Waltel Branco “Mancini Também É Samba” que tinha como feras Dom Salvador (Piano),Ed Maciel (Trombone), Pedro Paulo (trompete), J.T. Meirelles (Sax Alto, Sax Tenor), Neco (Guitarrra), Aurino (Sax Baritone), Pinduca (Vibraphone), Serginho (Baixo), Ruben Bassini (Pandeiro), Jorginho (Tumbadora), Humberto Barin (Guiro).

Em 1967 participou do Rio Jovem Guarda na extinta TV Rio, em Copacabana, no Posto VI, no Rio de Janeiro acompanhando o cantor Leno (Leno e Lilian) com Sérgio Reis na guitarra. É mole? Músico tem que trabalhar.

Em 1968 participou do disco “Viola Enluarada” de Marcos Valle que tinha nada menos que Milton Nascimento nos vocais de apoio, como se chamava. Gravou com Baden Powell um ao vivo no Teatro Santa Rosa em 1966.

1968 e 1969, fez parte do conjunto A Turma da Pilantragem, ao lado de Nonato Buzar e das cantoras Regininha, Málu Balonna e Dorinha Tapajós, e dos músicos Zé Roberto Bertrami (piano), Alexandre Malheiros (baixo), Márcio Montarroyos e Ion Muniz (sopros), entre outros. Gravou com o grupo os LPs "A Turma da Pilantragem" (1968), "A Turma da Pilantragem" (1969) e "A Turma da Pilantragem Internacional" (1969). Ainda em 1969, passou a integrar, ao lado de Antonio Adolfo (piano), Luís Cláudio Ramos (guitarra), Luizão Maia (baixo) e das cantoras Bimba e Julie (depois substituída por Luiz Keller), o grupo A Brazuca, com o qual participou do IV Festival Internacional da Canção, classificando a canção "Juliana" (Antonio Adolfo e Tibério Gaspar) em 2º lugar no evento. Gravou com o conjunto os LPs "Antonio Adolfo e A Brazuca" (1969) e "Antonio Adolfo e A Brazuca 2" (1970). Faleceu prematuramente no dia 13 de agosto de 1970.

* Esse disco saiu em CD pela IMAGEM (não conheço) em 1995 e fabricado pela Microservice  (Amazônia). Comprei há muito tempo em um sêbo no Rio de Janeiro e nunca mais vi. Não aparece em nenhum catálogo. Está me parecendo uma pirataria bem feita. Procurar na WEB por Don Salvador Trio