terça-feira, 7 de maio de 2013

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Tirinha do Laerte.

Gravadora MUSIDISC e sua História

MUSIDISC

SILVIO ESSINGER (EMAIL • FACEBOOK • TWITTER)

Publicado: 9/04/13 - 7h00

Atualizado: 9/04/13 - 7h00

Nilo Sérgio, dono da gravadora MusiDisc, que está fechando suas portas Camilla Maia / Agência O Globo

RIO - O endereço é o quinto andar de um prédio na Rua Joaquim Silva, na Lapa, a alguns passos da Escadaria Selarón. Quem chega se surpreende com o tamanho do estúdio, que costumava receber orquestras inteiras, nos anos 1960, para a gravação de LPs de sucesso, como os do grupo Românticos de Cuba e da série “Violinos mágicos”. Paredes revestidas de pedra e uma mesa de som Amek, analógica e rara, permanecem no espaço. Mas hoje, quase 50 anos após ter sido montado ali pelo cantor Nilo Sérgio, morto em 1981, o estúdio da finada gravadora Musidisc está prestes a se extinguir. Há um mês, depois de muito resistir, o filho do fundador, Nilo Sérgio Pinto, pôs o imóvel à venda.

— Passei aqui mais da metade da minha vida — conta o produtor fonográfico de 56 anos, 35 deles trabalhando ali, já que, após o fim da gravadora, o espaço seguiu funcionando como estúdio. — Eu já estava meio de saco cheio. Depois da saída do (sócio e técnico de som Marcelo) Sabóia, em outubro, tentei trabalhar com outras pessoas, mas não deu certo. Aí recebi uma proposta para me mudar do Rio e decidi vender o imóvel. Ainda espero deixá-lo para alguém que queira mantê-lo como estúdio. Arrancar tudo daqui seria triste.

Nilo já começou a retirar do estúdio as fitas originais com cerca de quatro mil fonogramas que, durante a existência da Musidisc como gravadora (entre 1952 e 1971), renderam, em suas contas, algo entre 400 e 500 discos. Daqui para a frente, ele quer se dedicar à revisão dos contratos com os artistas para lançar digitalmente todo o acervo da Musidisc. O carro-chefe da coleção, até hoje, é o conjunto de boleros dos Românticos de Cuba. Mas não faltam pérolas do sambalanço (discos do organista Ed Lincoln e dos cantores por ele lançados, Orlandivo, Silvio César e Pedrinho Rodrigues), do samba (LPs do grupo Voz do Morro, do qual fizeram parte Paulinho da Viola, Elton Medeiros e Nelson Sargento), da bossa (Primo Trio, Breno Sauer Quarteto), da música instrumental (Altamiro Carrilho, Booker Pittman) e do rock (Bango).

— Há vários discos dos Românticos de Cuba no iTunes, mas nenhum deles é meu. Eles chegaram lá por causa de contratos antigos que a gente tinha com o México — conta Nilo, que não pensa mais em lançar CDs (em breve, sai um dos derradeiros, com um dos discos “Parada de dança”, do organista Djalma Ferreira).

Cantor da Rádio Nacional, com bons contatos no exterior, Nilo Sérgio fundou a Musidisc para representar no Brasil gravadoras americanas que lançavam discos de música orquestral. Aos poucos, ele foi lançando suas próprias produções, como os Românticos de Cuba e os Violinos Mágicos, orquestras que só existiam em disco: a formação dependia dos músicos que conseguia arregimentar para as gravações.

— Meu pai foi artista, e sabia como essa turma da música era complicada. Então, ele resolveu criar o artista virtual — conta produtor fonográfico. — Os músicos desses discos, geralmente, eram Zé Menezes, Chiquinho do Acordeom, Abel Ferreira, Rubens Bassini, entre outros. Os LPs do saxofonista Bob Fleming, por exemplo, foram gravados por Moacyr Silva e Zito Righi. Meu pai normalmente fazia os discos no estúdio da CBS, ou na Escola de Música da UFRJ. Em 1963, ele resolveu montar um estúdio mesmo, o primeiro que gravava em quatro canais no Brasil. A gente conseguia fazer um produto de bastante qualidade, brigando com as multinacionais.

— A sonoridade dos discos gravados no estúdio da Musidisc era diferente, mais limpa. E o Nilo Sérgio tinha um outro conceito de mixagem. Enquanto os outros produtores botavam a voz do cantor na frente, ele a deixava no mesmo nível da orquestra — recorda-se Silvio César, que começou sua carreira na gravadora.

O produtor Guto Graça Melo tem boas lembranças do estúdio. Seu início na vida musical foi como integrante do grupo vocal Vox Populi, que gravou um LP pela Musidisc:

— Eu era muito jovem, mas me lembro que ele soava muito bem e tinha um bom equipamento. É um estúdio emblemático, uma pena que vá fechar.

Na Musidisc, Nilo Sérgio lançou novidades como o que chamou de minidisc, disco do tamanho de um compacto com cinco músicas de cada lado. Por causa do grande sucesso dos Românticos de Cuba, a gravadora chegou a ter um escritório em Nova York, que, num lance insólito da Guerra Fria, foi invadido pelo FBI em 1962, durante a crise dos mísseis de Cuba.

Aos poucos, porém, com as dificuldades em importar vinil pós-1964 e a saída de funcionários para outras gravadoras, a Musidisc resolveu encerrar atividades como gravadora. Nilo Sérgio Pinto começou a trabalhar no estúdio em 1978 e parou em 1980, para concluir seu curso de Arquitetura. Mas, com a morte do pai, teve que assumir o negócio.

Desde então, a Musidisc veio sobrevivendo basicamente como estúdio. Nos últimos tempos, prestou serviços de gravação e de mixagem para DVDs de Dona Ivone Lara, Paula Fernandes e Alexandre Pires. Nilo Sérgio ainda fez, por conta própria, alguns lançamentos em CD dos discos da Musidisc — enquanto via edições piratas tomarem seu espaço. O selo inglês Whatmusic e o brasileiro Discobertas foram dos raros que negociaram com ele a reedição remasterizada de alguns discos, o que colaborou para pôr de volta no mercado discos de Ed Lincoln, Orlandivo, Vox Populi e do baterista Luciano Perrone (a série “Batucada fantástica”).

Hoje, Nilo Sérgio Pinto sonha reeditar digitalmente discos que permaneceram no vinil, do Trio Surdina (do violonista Garoto com o violinista Fafá Lemos e Chiquinho do Acordeom), Carioca e sua Orquestra, Primo Trio, Pedrinho Rodrigues... E reunir em livro a história da Musidisc.

— Tenho que aproveitar enquanto os personagens ainda estão vivos — diz.

Romantismo enganoso nas fotos das capas

Um maiores sucessos dos Românticos de Cuba foi a série de LPs “Internacional”, cujas capas traziam cada uma, um pedaço de uma foto de corpo inteiro de uma sedutora loura. Era uma imagem tão viva na lembrança dos antigos compradores dos discos da orquestra que, recentemente, quando organizou uma caixa com CDs dos Românticos, a gravadora Som Livre pediu justamente aquela foto para usar na capa do lançamento. O que fez com que Nilo Sérgio Pinto desse algumas boas risadas, já que a tal loura boazuda da foto era, na verdade, um bem apessoado rapaz com uma peruca loura. Uma brincadeira armada nos pelo fotógrafo Joselito, nos áureos tempos da Musidisc, confiando que ninguém iria perceber a diferença. A caixa da Som Livre, por sinal, ostenta a tal foto.

Psicodelia brasileira pirateada no exterior

Uma das poucas incursões da Musidisc no ramo do rock foi o Bango, grupo que começou na jovem guarda, como Os Canibais, e que depois renasceu rebatizado e convertido à psicodelia de Cream e Jimi Hendrix. Com dois integrantes que, anos mais tarde, se tornariam figurões da indústria fonográfica (Aramis Barros e Max Pierre), o Bango gravou, em 1971, um álbum que despontou para o anonimato. Mas que, nos anos 2000, pela via da internet, virou uma cultuada raridade da psicodelia mundial, acabando por ser relançada, de forma pirata, em vinil, no exterior. Nilo Sérgio descobriu a malandragem num site americano e foi atrás dos direitos de produtor da Musidisc — o que acabou conseguindo, após um bom tempo de procura pelo selo que havia lançado o LP.

O mistério do cantor de ‘Bossa maximus’

Um disco de bossa nova muito simpático, chamado “Bossa maximus”, foi um dos itens do catálogo da Musidisc que mais chamaram a atenção dos ingleses da Whatmusic. O balanço suave de faixas como “Meu Rio” e “Cantiguinha” garantiu lugar para o LP entre os relançamentos remasterizados do selo. Só que havia uma questão que nenhum dos ex-funcionários da gravadora, colecionadores de discos ou pesquisadores sabia responder: Quem afinal era Carlos Lee, o cantor que assinava o disco e que, supostamente, aparecia na capa, em uma foto num saveiro, na enseada da Urca? Segundo Nilo Sérgio, mesmo anos depois da reedição do disco no exterior, ninguém foi capaz de dizer qual o paradeiro do cantor ou mesmo dar alguma informação sobre ele.
Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/cultura/espaco-que-pertenceu-gravadora-musidisc-fecha-as-portas-8061277#ixzz2Sf2iRScX

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* Eu sei que todo esse material pertence a Infoglobo Comunicações e Participações S.A. Estou fora da lei, mas acho que o assunto deveria ter uma divulgação maior, principalmente, para os amigos aqui do Blog que já compraram muito disco da MUSIDISC. Não estou ganhando um centavo com isso. Se quiserem eu retiro daqui.

Um abraço.

Moacir Silva


Bom som.

Moacir Silva Sexteto - foto


Grande saxofonista.

Moacir Silva (Moacir Pinto da Silva)

Instrumentista, Compositor, Arranjador e Regente. Nasceu em Conselheiro Lafaiete, MG em 10/05/1918.

Filho do regente da banda municipal de Conselheiro Lafaiete, aos 10 anos já tocava flautim na banda do Centro Operário, aprendendo logo depois sax-tenor. Aos 17 anos, foi com a família para o Rio de Janeiro – RJ, onde prestou serviço militar, tocando na banda do quartel do exército. Por essa época, começou a receber os primeiros convites para atuar em bailes suburbanos.

Saindo do exército, passou a tocar na Gafieira Elite, integrando mais tarde a orquestra do maestro Fon-Fon, onde ficou até 1947.

Atuou então na orquestra Zacarias, apresentando-se no Copacabana Palace Hotel, e começou a tocar na Rádio Mayrink Veiga, na orquestra do maestro Peruzzi.

Em 1953 formou seu próprio conjunto, com Dom Um Romão (bateria), Célio (contrabaixo) e Sacha (piano), apresentando-se na boate Vogue, onde acompanhava Dolores Duran, e na boate Au Bom Gourmet, acompanhando Francinete. No mesmo ano assinou contrato com a gravadora Copacabana, gravando seu primeiro disco 78 rpm, com o Fox You Belong to Me (Price, King e Stewart) e o choro Crepúsculo (Júlio Barbosa), lançando depois em disco um choro de sua autoria que já era sucesso em rádio, Sugestivo. Passou a fazer acompanhamento para gravações de Elisete Cardoso e Marisa, assumindo o cargo de produtor da gravadora Copacabana.

Recebendo inúmeras solicitações para atuar em bailes, gravou com seu conjunto quatro discos do LP Dançando Com Você. Adotou então o pseudônimo de Bob Fleming, aumentando imediatamente a venda de seus discos.

Na década de 60 lançou como solista quatro volumes do LP Sax Sensacional.

Em 1963 gravou o LP Samba Bom É Assim, na Copacabana, em que são incluídas duas composições suas, os sambas Ninguém Sabe De Nós e Os Teus Encantos (ambos com Antônio Maria).

Continuou trabalhando na Copacabana, produzindo e acompanhando diversos artista do primeiro time da MPB e da Bossa Nova até a sua “aposentadoria”.
* Ainda tenho muito para falar desse grande músico. Vou completando aos poucos.

Discografia
• Dançando com Você (1956)
• Moacyr Silva (1956)
• Dançando com Você Nº2 (1957)
• Meia Noite no Meia Noite (1958)
• Convite à Música (1958)
• Interpreta Cole Porter (1958)
• Quatro Ases em HI-FI (1958)
• Convite à Música Nº2 (1958)
• Dançando com Você Nº3 (1959)
• Dançando com Você Nº4 (1959)
• Sua Manhã de Domingo (1960)
• Sax Sensacional (1960)
• Sax e Voz (1960) – com Elisete Cardoso
• Sax Sensacional Nº2 (1961)
• Sax e Voz no 2 (1961) (com Elizeth Cardoso)
• Samba é Bom Assim (1961)
• Carnaval de Boate (1961)
• Sax Sensacional Nº3 (1962)
• Ritmo... Naquela Base (1962)
• É Tempo de Bolero (1962)
• É Tempo de Samba (1963)
• Sax Sensacional Nº4 (1963)
• Carnaval de Boate Nº2 (1963)
• Convite à Música Nº3 (1963) (com Francineth)
• É Tempo de Samba Nº2 (1964)
• Suavemente (1964)
• Sax Sensacional Nº5 (1964)
• Samba é Bom Assim Nº2 (1965)
• Sax de Ouro (1965)
• Sex Sax (1966)
• Carnaval de Boite Nº3 (1967)
• A Volta de Moacyr Silva "O Sax de Ouro" (1968)
• Festival de Ritmos (1969) (com Chaim, Waltel Branco, Maciel, *Júlio Barbosa e Oliveira e seu Black Boys)
• Aquele Som (1970)

* Esse é um daqueles grandes músicos que na década de 60 adotou um pseudônimo para gravar discos fora do seu estilo. Algumas vezes era um atrativo, porque apareciam com nome americanizado, outras vezes porque não queriam ter o seu verdadeiro nome associado a obra. Vai saber. Resumindo: tem muito mais coisa escondida por aí, ou com o nome verdadeiro ou com um apelido. Bob Fleming já foi "O Cara". Se vocês ficarem atentos, tem muita Bossa nessa pré-bossa. Basta sacarem o balanço. A conferir. Vou colocar mais tarde umas bolachas aqui no Blog.

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