sábado, 31 de dezembro de 2011

Geraldo Miranda - 1962



Músicas
01 - O Menino Desce o Morro (Vera Brasil)
02 - Mistura Fina (Luis Bandeira)
03 - Samba de Uma Nota Só (Tom Jobim/Newton Mendonça)
04 - Palhaçada (Haroldo Barbosa/Luis Reis)
05 - Champanhota (Lindolfo Gaya)
06 - Samba Em Las Vegas (Geraldo Miranda)
07 - Fim de Noite (Chico Feitosa/Ronaldo Bôscoli)
08 - Acêrca de Você (Geraldo Miranda)
09 - Meu Romance (José Antônio Marinho)
10 - O Barquinho (Roberto Menescal/Ronaldo Bôscoli)
11 - Desafinado (Tom Jobim/Newton Mendonça)
12 - Tema do Mágico (José Antônio Marinho) 
 
* Esse disco acho que não foi lançado em CD.




terça-feira, 27 de dezembro de 2011

João Donato e Bud Shank - Mistura Fina - RJ

Jazz Station - Arnaldo DeSouteiro's Blog: R.I.P.: Edson Frederico

Jazz Station - Arnaldo DeSouteiro's Blog: R.I.P.: Edson Frederico

Edson Frederico 1948-2011



Edson e Sarah Vaughan
 

Um grande músico com espaço de apenas 48seg no "horário nobre".

Grande perda.

Um pequena biografia sobre Edson Frederico você encontram no site Jazz Station do Arnaldo DeSouteiro em


Mauricio Einhor_Ricardo Siveira_Marcelo Mariano

Mauricio Einhorn - ME - 1979


Músicos
Mauricio Einhor (gaita)
Nelson Ayres (piano)
Roberto Sion (sax e flauta)
Luizão (baixo)
Paulo Braga (bateria)
Gegê (bateria)
Marku Ribas (percussão, bateria e voz)
Sebastião Tapajós (violão)

Músicas
01 – Batida Diferente (Maurício Einhor/Durval Ferreira)
02 – Sarro (Maurício Einhor/Arnaldo Costa)
03 – Alvorada (Luiz F. Freire/ Maurício Einhor/Arnaldo Costa)
04 – Estamos Aí (Maurício Einhor/Durval Ferreira/Regina Verneck)
05 – Brinquedo (Maurício Einhor/José Schettini)
06 – Limbo (Maurício Einhor/ Arnaldo Costa)
07 – Claus (Maurício Einhor/Celso Loch)
08 – Tristeza De Nós Dois (Maurício Einhor/Durval Ferreira)
09 – Sketch (Maurício Einhor/ José Schettini)
10 – Jóia (Maurício Einhor/Alberto Arantes)

Esse disco eu acho que não saiu em CD. Uma pena, pois é um discão. Inclusive tem a participação do nosso grande Luizão Maia no baixo.

Procurar na WEB por Mauricio Einhorn ME 1980.


domingo, 25 de dezembro de 2011

sábado, 24 de dezembro de 2011

Luizão Maia - Contrabaixo Brasil


Já vamos falar sobre o Luizão.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Sergio Barrozo - Churrasco



Autumn Leaves
Paulinho Trompete
Widor Santiago - sax tenor
Kiko Continentino - teclado
Sergio Barrozo - contrabaixo
Roberto Alemão - bateria

Já tive problemas com essa música. Já não aguentava mais. Toda festa tinha que tocar Autumn Leaves. Com o tempo fui relaxando e entendendo. É apenas a porta de entrada para uma grande "jam". Que pode acontecer ou não. Depende. É como uma música de confraternização, de boas-vindas, algo "relax" que todo mundo toca. A partir daí, já afinados os instrumentos, é outra viagem. Aquele salto no escuro que todo bom músico gosta. Autumn Leaves para o Paulinho, Kiko, Sergio, Widor e Roberto deve ser mais fácil que tocar "Cai cai balão". Bom, vamos ouvir. Se bem que "Cai cai balão" não é tão simples assim. "Cuidado com a outra"!

Galera, olha o outro Luiz, o Alves, de bermudão, doido pra pegar o baixo do Barrozo. Isso é que é festa de bambas.

Sergio Barrozo - Contrabaixo Brasil




Rio 65 Trio
Dom Salvador, Sergio Barrozo e Edson Machado

Eumir Deodato, Hugo Marota, Sérgio Barrozo e João Palma

Foto de 1960 - Concerto de Bossa Nova na PUC-RJ.
Bebeto Castilho (na flauta), Herbie Man (flauta), Hélcio Milito (bateria), Tião Neto (contrabaixo) e Luizinho Eça (piano). Ainda na foto, Luiz Carlos Vinhas, Paulo Cesar de Oliveira, Sérgio Barrozo, Yara Menescal e o cartunista Leon Eliachar.
Foto do livro Bossa Nova Som e Imagem

Sérgio Barrozo
Sergio Portella Barrozo Netto, nasceu no Rio de Janeiro em 16 de junho de 1942. Esse extraordinário contrabaixista tocou e ainda toca com quase todo mundo. Difícil é saber com quem ele não tocou e com quem ele ainda vai tocar.

Geralmente quando você pensa em escrever sobre determinado personagem a primeira dificuldade é achar informação. Quando você não acha nada, a coisa fica difícil, o trabalho é pesado, leva tempo garimpando. Com Sergio Barrozo aconteceu justamente ao contrário: ele aparece em milhares de referências. Outro problema: como organizar tudo isso? Achei que fazendo uma tabela indexada por data de sua vida como músico poderia servir como base para uma futura biografia.

Ele apareceu no cenário musical em 1962 no conjunto de Roberto Menescal e em 1963 grava “A Bossa Nova de Roberto Menescal e seu Conjunto” e no mesmo ano o disco “Baden Powell Swings With Jimmy Prath”. Já começa tocando com as “feras”, e isso aos 20 anos.

Quando pensei em escrever um pouco sobre esse músico já sabia que ele tinha gravado muito, tocado com muita gente, enfim, uma carreira longa, etc... mas não tinha idéia do que viria pela frente. Como toda pesquisa, atualmente, você entra no Google, dá uma olhada nos links. À princípio vem os medalhões, aqueles que todos conhecem, depois começa a aparecer a raia miúda, os que sempre ficam em segundo plano; aqueles que acompanham os medalhões. De saída vi no Wikipédia aquela relação de discos dos quais ele participou. Alguns eu tenho em vinil. Fui lá conferir, pois nunca se sabe se os dados que você vê na Internet são confiáveis. Já vi muita besteira. Conferi, e as informaçõe eram verdadeiras. Bom, vamos para outro parágrafo.

Vem, Agepê, Copinha, Tom Jobim, Egberto Gismonti, João Nogueira, Taiguara, Raul Seixas, Edu Lobo, Aracy de Almeida, Luizinho Eça, Michel Legrand, Paulo Moura, Sarah Vaugham, Marisa Gata Mansa, Martinho da Vila, Candeia, Eumir Deodato. Parei e pensei: - O que é isso? Quem é esse cara? E era só o começo, a coisa não parava. Cada link me levava a outro link, outra descoberta. Resumindo, o que era para ser apenas um resumo pro meu blog se tornou uma obsessão: Vou descobrir o que puder desse cara! Fui pro meu estúdio, onde ficam os meus discos de vinil, e comecei a baixar tudo: João Nogueira, Tenório Jr, César Costa Filho, Baden Powell, Caetano Veloso, Salvador Trio, Erlon Chaves, Victor Assis Brasil, Marcos Valle, MPB4, etc. Fui ler os créditos na contracapa. É isso mesmo, contracapa, os discos de vinil tinham essa mania de dar crédito aos músicos, compositores, produtores, arranjadores. Aparecia até o crédito de quem fez a capa. Alguns são famosos. Verdadeiras obras de arte. Hoje você baixa um MP3, pirata, e coloca pra tocar, se não gostar, deleta e fim. A música se tornou apenas um som ambiente pra se ouvir no carro ou trilha sonora pra tocar no churrasco. Outro parágrafo e outro whisky, por favor.

O cara é um monstro. Nunca vi nada igual. Acho muito difícil que tenha outro músico, no Brasil ou no exterior, que tenha gravado e tocado com tanta gente como o Sérgio Barrozo. Esse músico lá nos EUA seria idolatrado em Berkeley e em outras resenhas. No Brasil toca com todo mundo: churrasco, batizado, na rua, na pracinha, na praia. Na sua simplicidade, abraçado ao seu instrumento de estimação, com mais de 50 anos de dedicação, ainda está na pista. Quase garotão. O olhar ainda tem o mesmo tesão do Beco das Garrafas quando acompanhava Elis Regina e Simonal. Fantástico! Mais um parágrafo.

Geralmente o músico, desde cedo, se identifica com um estilo: bossa, jazz, samba, rock, blues, funk, progressivo, etc. Esse não. Toca tudo e de tudo. Sérgio Barrozo, neto do pianista e compositor Joaquim Antonio Barrozo Netto, começou, como muitos garotos da época, na onda do jazz. Conheceu a turma do Beco das Garrafas, ali na Rua Duvivier, em Copacabana, naqueles efervescentes dias e noites de bossa e jazz. A turma quebrando tudo, aquele ambiente pequeno, cheio de fumaça e whisky vagabundo, o samba e o jazz se encontrando, a Bossa Nova no auge. Não sei onde ele estudou, nem o que fez antes, mas já chegou tocando com a galera do andar de cima. Pausa.

Em 1964, o garoto de 22 anos, já está tocando com Tom Jobim, Vinícius de Moraes, Dorival Caymmi, Maysa, Rosinha de Valença, Marcos Valle, Tenório Jr., Wanda Sá e outros mais. Como pode? Incrível! Eu sei que essa turma ficou famosa mais tarde, mas Tom Jobim, Caymmi e Vinícius já eram medalhões. Continuando.

Em 1965, forma o Rio 65 Trio, com Dom Salvador no piano e Edson Machado na bateria. Um time de primeira. Em 1966, já vemos o cara no Trio 3D e no disco de Aracy de Almeida. Durma com um barulho desses! Em 1965, grava com o Rio 65 Trio o disco que mudou definitivamente a carreira de Elis Regina, “Samba eu Canto Assim”. Caramba!

Em 1966, com Durval Ferreira e Eumir Deodato no comando, grava um discão: “Aquele Som Dos Gatos”. É a Bossa Nova descobrindo outros caminhos, outras harmonias, outra “levada”. O banquinho e o violão não é a onda dessa molecada, o som é instrumental e pesado, como eles sempre gostaram de tocar. Nesse mesmo ano grava com Dom Salvador e Edson Machado outra pauleira, “Salvador Trio”. É som demais!

1964 e 1965 são os Anos de Ouro da música no Brasil. Ainda vou escrever sobre isso. Nunca se gravou tanto em tão pouco tempo. São milhares de discos e uma série de gravadoras que brotaram em todos os cantos do Brasil. Quando eu coloco na planilha do Excel e organizo por data, é de cair o queixo. Assustador. A música instrumental chega ao ápice. Cada Trio, Quarteto, Quinteto, Sexteto ou Big Band é melhor do que o outro. O Rio de Janeiro e São Paulo dominam o cenário. Curiosidade: 1964 é o ano que o país cai no regime militar e vive o som da beatlemania. Para a música instrumental “O Sonho Acabou”.

Em 1967 não sei o que andou fazendo, mas em 1968 já veio com Baden Powell (O Som) e Victor Assis Brasil (Trajeto). Dois discos históricos. Todo mundo tem que ter essas bolachas na estante. Quem não ouviu “Canto de Ossanha” no disco do Baden, não ouviu nada.

Em 1969 ele muda um pouco o foco. Novos tempos. Grava com Caetano, Gil e Egberto Gismonti. Já não é mais aquele som instrumental, mas o nível continua alto. O time continua de primeira. Vamos ver mais.

Em 1970 grava com Luiz Eça o disco “Piano e Cordas”, outro clássico, e “Samba Tropi - Até Aí Morreu Neves” com Wilson das Neves e seu conjunto.

Bom, a partir desse ponto, vou usar a minha planilha do Excel para falar de Sergio Barrozo. Vocês tirem as suas conclusões.

1971 – Wilson Simonal - Jóia Jóia
1972 - Eu & Elas - Carlos Lyra
1973 – César Costa Filho - E Os Sambas Viverão
1973 – Chiquinho do Acordeon – Viagem – Maria Gata Mansa
1973 – Eumir Deodato – Os Catedráticos
1973 – Francis Hime - Francis Hime
1973 – Hermes Contesini - Welcome To Sambaland
1973 – Jorge Menezes - Welcome To Sambaland
1973 – Marisa Gata Mansa - Viagem
1973 – Nelson Ângelo - E Os Samba Viverão – César Costa Filho
1973 – Taiguara - Fotografias
1973 – Zé Menezes - Welcome To Sambaland
1973 – Zé Bodega - Welcome To Sambaland
1974 – Erlon Chaves - Banda Veneno Vol. 5
1974 - Raul Seixas - Gita
1975 – Candeia - Candeia, Samba De Roda
1975 – Clara Nunes - Claridade
1975 – Maria Creuza - Os Grande Mestres Do Samba
1975 – MPB4 - 10 Anos Depois
1975 – Nara Leão - Meu Primeiro Amor
1975 – Toninho Horta - Forró De Dominguinhos
1975 - Dominguinhos - Forró De Dominguinhos
1975 – Meu Balanço – Waltel Branco
1976 – Abel Ferreira - Brasil, Sax e Clarineta
1976 – Chico Buarque - Meus Caros Amigos
1976 – Luiz Cláudio Ramos - Meus Caros Amigos – Chico Buarque
1976 – Luiz Gonzaga - Capim Novo
1976 – Maria Bethânia - Pássaro Proibido
1976 – Martinho da Vila - Rosa do Povo
1977 – Ana Rosely - Estou Contigo E Não Abro
1977 – Elizeth Cardoso - Elizeth Cardoso no Japão
1977 – Emílio Santiago - Feito Pra Ouvir
1977 – Frank Valdor - Hot Nights In Rio
1977 – João Nogueira - Espelho
1977 - Agepê - Moro Onde Não Mora Ningém
1977 - Agepê - Agepê
1978 – Agepê - Tipo Exportação
1978 – Edson Frederico - O Som Brasileiro de Sara Vaughan
1978 – José Roberto Bertrami - O Som Brasileiro de Sara Vaughan
1978 – Lincoln Olivetti - Lígia – Osmar Milito
1978 – Maurício Heihorn - Lígia – Osmar Milito
1978 – Nelson Serra - Lígia – Osmar Milito
1978 – Osmar Milito – Lígia
1978 – Sara Vaughan - O Som Brasileiro de Sara Vaughan
1978 – Ugo Marotta – Lígia – osmar Milito
1981 – Edu Lobo – Edu & Tom
1981 – Tom Jobim – Edu & Tom
1983 – Bidinho – Tambá – Pascoal Meirelles
1983 – Léo Gandelman – Tambá – Pascoal Meirelles
1983 – Marcio Montarroyos – O Grande Circo Místico - Chico e Edu
1983 – Marcos Resende – Tambá – Pascoal Meirelles
2000 – Hamleto Stamato – Queens´s Teather de Nova York
2001 – José Boto – Modern Sound – Youtube
2002 – Haroldo Lobo – Modern Sound
2002 – JT Meirelles – Youtube
2002 – Max De Castro – Orquestra Klaxon
2004 – Daniel Garcia – Pascoal Meirelles Sexteto
2004 – Dario Galante – Pascoal Meirelles Sexteto
2004 - Carol Welsman - Mistura Fina - Rio de Janeiro
2005 – Ithamara Koorax – Antumn In New York
2006 – André Tandeta – Toca do Vinícius – Rio de Janeiro
2006 – Cor Bakker – Ilha Funchal – São Paulo
2006 – Duduka Fonseca – Bossa Na Pressão – Haroldo Mauro Jr.
2006 – Gehard Jeltes – Ilha Funchal – São Paulo
2006 – Laura Gygi – Ilha Funchal – São Paulo
2006 – Leonardo Amuedo – Ilha Funchal – São Paulo
2006 – Victor Biglione – Toca do Vinícius – Rio de Janeiro
2006 - Wagner Tiso – Um Som Imaginário
2006 – Kiko Continentino – Modern sound – Youtube
2007 – Michel Legrand – Modern Sound – Youtube
2007 – Miucha – Outros Sonhos
2007 – Ricardo Pontes – Modern Sound – Youtube
2007 – Altair Martins – Savassi Jazz Festival
2009 – Kiko Freitas – Sala Dos Professores - São Paulo
2009 - Mauro Senise - Ostinato - Pascoal Meirelles
2009 - Nana Caymmi - Sem Poupar Coração
2010 - Claudio Roditi Quinteto - Modern sound – Youtube
2010 – Nivaldo Ornelas – Festival De Jazz Do Rio de Janeiro – Youtube
2010 – Paulo Braga – Festival De Jazz Do Rio de Janeiro
2011 – Ciff Kormann – Rio Scenarium – Rio de Janeiro
2011 – Lula Galvão – Lapa Café – Rio de Janeiro
2011 – Pascoal Meirelles – TribOz – Youtube
2011 – Paulinho Trompete – Lapa Café
2011 – Ciff Kormann Trio – Rio Scenarium – Rio de Janeiro.


Pessoal, isso é só a “ponta do iceberg”. "Você ainda não ouviu nada!". Tem muito mais história, e continua.

http://www.myspace.com/sergiobarrozo

Se ele pagou o INSS desde 1962, com 50 anos de serviço, já deveria estar aposentado, pescando, ou ensinando o neto a tocar hip hop com o Marcelo D2. Nada disso. Você se enganou. O cara está tocando por aí, curtindo muito. Todo profissional antes de se aposentar conta os dias na folhinha pra largar aquilo tudo que lhe enche o saco. O músico não, faz o que gosta, só para quando morre.

Esqueci de dizer que 1976 ele toca com Dino 7 Cordas e Copinha um chorinho de Abel Ferreira. Veja lá no Youtube. http://www.youtube.com/watch?v=0wTodWu3zd0



Alemanha 1966
Edu Lobo, J.T. Meirelles, Dom Salvador, Sergio Barrozo, Rubens Bassini
e Jorge Arenas

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Sergio Barrozo e Claudio Roditi



Apresentação de Claudio Roditi na Modern Sound - Rio de Janeiro - RJ, em 13/09/2010

Sergio Barrozo - contrabaixo
Idris Boudrioua - sax
Dario Galante - piano
Kleberson Caetano - bateria

sábado, 17 de dezembro de 2011

Hector Costita - Sax Brasil

Foto extraída do site Acontece em Curitiba em 10 de junho de 2010 anunciando o
Nu Jazz Festival.
Costita toca acompanhado do Grupo Na Tocaia.


Hector Costita
Héctor Besignani nasceu em Buenos Aires em 27/10/1934. Argentino de nascimento, brasileiro de coração. Costita, em 1954, portanto ainda com 20 anos, ingressa na big band do grande músico argentino Lalo Schifrin. Em 1959 muda-se para o Brasil e conhece João Donato que o convida a formar um trio com o baixista Shu Viana (ainda não descobri a grafia correta, se é Shu ou Chu). João Donato e Shu Viana, tudo a ver. Não sei como o argentino aguentou essa dupla.

De 1957 a 1962, já no Brasil, passa a tocar na orquestra de Simonetti.

Em 1962 grava seu primeiro disco solo “O Fabuloso Hector” pela RGE. Neste mesmo ano grava outro disco com um sexteto e convidados da pesada (ver créditos); agora sim, o fabuloso disco "Impacto", pela Fermata. Ainda em 1962 grava com Dick Farney pela RGE o “Dick Farney Jazz” (Dick Farney - piano, Claudio Slon - bateria, Hector Costita - sax e Mario Algusto Monteiro da Silva no baixo).

Em 1963, toca no disco de Luiz Chaves, pela RGE, “Projeção” (Luiz Chaves – contrabaixo, Rubens Barsotti - bateria, Hamilton Godoy -piano, Luis De Andrade "Boneca" - guitarra, Demétrio - flauta, Hector Costita - sax alto, Magno D'Alcântara -trompete, Carlos Alberto D'Alcantana – sax tenor). Esse disco deu origem ao excelente “Zimbo Trio” (Luiz Chaves, Hamilton Godoy e Rubens Barsotti).

Em 1964, substitui Aurino Ferreira na super banda de Sérgio Mendes, o “Sexteto Bossa Rio” (Sérgio Mendes – piano, Edison Machado – bateria, Tião Neto – baixo, Aurino Ferreira - sax tenor, Edson Maciel - trombone de vara, Raul de Souza -trombone de válvula, Hector Costita - sax tenor). Gravam, nesse ano, pela Philips, um dos melhores disco de samb-jazz de todos tempos, a pauleira “Você Ainda Não Ouviu Nada!”. Esse título ficou, assim, conhecido no Brasil, devido ao comentário de Tom Jobim que saiu na contra-capa do vinil original. No final do texto ele escreve: Você ainda não ouviu nada! Aliás, Tom Jobim, junto com Moacir Santos e Sérgio Mendes, fez arranjos para esse excelente disco. Como vocês podem reparar Costita já chegou ao Brasil tocando com as feras. Com menos de trinta anos já era um músico respeitado.

Em 1964 participa da gravação do disco Os Cinco-Pados com Heraldo do Monte (guitarra), Hector Costita (sax), Buda (Dorival Auriani) (trumpete), Arrundinha (bateria),Gabriel Bhalis (baixo).

No final de 1964 passa a tocar com o grupo Sambossa 5 (Luis Mello – piano, Kuntz Naegele – sax alto, Costita – sax tenor, Shu Viana – baixo, Turquinho (José Rezalla) – bateria). O Sambossa 5 acompanha Elis Regina no Teatro Paramount (São Paulo) no programa de grande sucesso “Boa Bossa”.

Em 1965, toca no disco de Erlon Chaves, pela Continental, “Sabadabada” (Erlon Chaves - piano e arranjo, José Lídio Cordeiro (Papudinho) – piston, João José Pereira de Souza (Raulzinho) – trombone, Hector Bisignani (Costita) – sax tenor, Renato Augusto Menconi – sax, Kuntz Adalberto Naegele – sax alto, Carlos Castilho – violão, José Antônio Alves (Zezinho) – Baixo, Clineu Golçalves (Pirituba) – bateria, Apostolo Secco – sax barítono).

Depois de tanto trabalho por aqui, Costita se muda para a Europa, onde morou por 10 anos. Estuda no Conservatório de Paris e volta ao Brasil em 1973. Passa a tocar na orquestra de Carlos Piper. Nesse período trabalha com Elis Regina, Simonal, Elizethe Cardoso, grava com Adoniran Barbosa e muitos outros artistas. Enfim, o que acontece com os grandes músicos: estão sempre sendo requisitados. Para Costita, eu acho que nunca faltou trabalho.

De 1973 a 1981, participa de uma big band de Nelson Aires. Além de outras atividades, deu aula na Fundação das Artes de São Caetano e no CLAM (Centro Livre de Aprendizagem Musical - escola de música fundada pelo Zimbo Trio).

Em 1989, grava dois discos na Itália. Em 1994 volta a morar em São Paulo e continua gravando e tocando com todo mundo. Esse grande músico, com certeza, tem muito mais história. A medida que for me lembrando e descobrindo vou atualizando.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Chico Buarque - MPB4 - Roda Viva

MPB4 - Amigos é pra essas coisas - 1974

MPB4 - Cicatrizes - 1974

MPB4 - Pesadelo - 1974

Nico Assumpção - Contrabaixo Brasil

Nico Assumpção (1954-2001)


Antonio Álvaro Assumpção Neto, nasceu em São Paulo em 13 de agosto de 1954. Para mim o maior baixista que já vi tocar. Não estou falando apenas de nível Brasil. A sua morte prematura, com apenas 47 anos, deixou muita saudade. Ainda tinha muito que aprender e ensinar para a garotada que veio depois.

A paixão pelos Beatles e pelo Jazz sempre esteve presente em sua vida. Quando criança chegou a tocar numa banda “cover” dos garotos de Liverpool enquanto ouvia os discos de jazz do seu pai. Um de seus últimos projetos (1999), em parceria com Nelson Faria (guitarra) e José Namen (piano), era tocar Beatles em ritmo brasileiro. Não sei o que deu esse trabalho.

Nico, enquanto estudava com Luiz Chaves (o grande baixista do Zimbo Trio), tocava com um grupo de jazz nas noites paulistanas. Depois fez parte da banda de Arrigo Barnabé (“Clara Crocodilo”).

Em 1975 formou um trio com Eliane Elias (piano) e Paulo Cardoso (bateria), alunos do CLAM (escola do Luiz Chaves).

Em 1994, Nico Assumpção e Eliane Elias voltam a se encontrar no grande disco de Joe Henderson “Double Rainbow – The Music of Antônio Carlos Jobim”. A turma da pesada que toca no disco é composta por: Joe Henderson (sax tenor), Oscar Castro Neves (violão), Eliane Elias e Herbie Hancock, revezando no piano, Jack DeJohnette e Paulinho Braga (bateria) e Nico Assumpção e Christian McBride (no baixo). Esse disco seria uma parceria/homenagem de Henderson a Jobim, mas, infelizmente, Jobim partiu antes. Aliás, quase na hora. Jobim faleceu em 1994 e o disco foi lançado em 1995. Tem muita história sobre esse disco, depois eu comento.

Nico estudou na famosa escola de Boston, “Berklee College Of Music”. Lá fez arranjo e orquestração. Favor não confundir com aquela outra lá da Califórnia, a Berkeley, onde Jimi Hendrix fez o seu melhor show, em 1970, pouco antes de morrer. Em Boston a coisa era mais em baixo. Não desfazendo da outra, da guitarra.

Na década de 1970, Nico conheceu e tocou com a turma do Jazz nos EUA. Além de Ricardo Silveira (guitarra), que andava por lá, tocou com Claudio Roditi (gênio do trompete), Dom Um Romão (bateria), Charlie Rouse (sax), Dom Salvador (piano), Wayne Shorter (sax), Kenny Barron (piano), Billy Cobham (bateria) e muitos outros.

Na década de 1980, Nico volta para o Brasil e passa a morar não mais em São Paulo, mas agora no Rio de Janeiro. Cai na noite tocando com a nata da música instrumental que rolava na época. Era o Jazzmania, Mistura Fina, o Bar Prudente, etc. Tinha também as Domingueiras do Parque da Catacumba na Lagoa. Bons tempos.

Em 1985, toca no “Free Jazz Festival” com Ricardo Silveira (guitarra), Luiz Avellar (piano – outro monstro), Carlos Bala (bateria) e Steve Slagle (sax). Depois do show a galera corria pro Jazzmania, no Arpoador (Rio), para as famosas canjas. Preciso escrever alguma coisa sobre o Jazzmania e o Mistura Fina, duas casas noturnas do Rio que deixaram saudades. Sempre boa música. O Jazzmania era o sonho de consumo de todo músico aprendiz, como eu, tocar ali com aquelas feras. No Jazzmania cheguei a ver um show fantástico do Ricardo Silveira. Estava com uma namoradinha nova, que acabou se tornando minha esposa por 25 anos, quando vou dar uma chegada no banheiro, passo pelo balcão e vejo o Luizinho Eça, com aquele seu relógio quadrado, pedindo o seu “uisquinho”. Nessa noite ele não tocou nada. Devia ter vindo da Lagoa, do Chico´s Bar, para dar uma esticada, como era do seu costume. O Chico´s Bar também tem história, não pelo dono, que não me interessa, mas pela música. Você sabia que o Bill Evans tocou no Chico´s Bar? Com quem? Já vou responder.

O parágrafo acima foi maior que o normal, eu sei, mas tinha que dar uma idéia de como eram as noites do Rio nessa época. Ainda tem muito mais. Tinha também o People, no Leblon. “Mas aí, é outra história”.

Na década de 1990, Nico toca com todo mundo. É jazz, bossa, samba, choro, MPB e tudo que aparece: Simone, Wagner Tiso, Raphael Rabelo (saudades), Gal, Edú Lobo, Leny Andrade, Ivan Lins, César Camargo Mariano e já nem me lembro mais. Fora a turma de fora: Dionne Warwick, Joe Henderson, Phil Sheeran, Larry Coryell, Billy Cobham, etc. Coloquei aí em baixo, no blog, uma “sonzeira” com essa turma gravada em Salvador.

Em 1984, Nico grava com João Bosco o disco “Gagabirô”. João tinha brigado com Aldir e a gente nunca sabia o que viria dali pra frente. Afinal, a dupla sempre trazia algo cada vez melhor no próximo disco. A afinidade entre os dois é surpreendente; baixo, violão e voz criam uma música cheia de swing e levadas, “cada um levantando pro outro cortar”. Nascia uma dupla da pesada. Eram dois temperamentos fortes, duros de agüentar: “pavio curto”. A gente notava o respeito que cada um tinha pelo outro e a felicidade dos dois. Acho que foi uma das melhores fases de ambos. Essa “Linha de Passe” durou 15 anos. Tem muita coisa no Youtube, vale à pena conferir. Coloquei “Corsário” aqui no blog. É de arrepiar!

Nico Assumpção, segundo sua esposa Rossana, vivia para o contrabaixo às 24h do dia. “Era o dia 20 de janeiro de 2001. Nico faleceu (câncer no pulmão) e suas cinzas, no dia seguinte, foram depositadas na lagoa Rodrigo de Freitas. Nesse local, há uma placa em sua homenagem, colocada sob uma árvore, com o nome "Recanto Nico Assumpção". “10 Anos de Saudade”.

O famoso "Parque dos Patins", na Lagoa Rodrigo de Freitas (RJ), é também conhecido como "Espaço Victor Assis Brasil". Eu proponho que lá pelos lados do Jardim Botânico (na Lagoa) seja criado o "Espaço Marcio Montarroyos". Mais ao Norte (olhando da Curva do Calombo em direção a Pedra da Gávea, que eu não sou maluco, eu sou geólogo) , lá pelos lados do Leblon, mais perto do antigo People, o "Espaço Edson Machado". E mais pra perto da Praia de Ipanema, ainda na Lagoa, pros lados do Caiçara, o "Espaço Luizinho Eça". Dizem que Tom Jobim, quando era pequeno, nadou muito na Lagoa. Já pensou!?

A Banda que eu não vi tocar (juntos): a Melhor Banda do Mundo: Nico Assumpção, Victor Assis Brasil, Marcio Montarroyos, Edson Machado, Luizinho Eça.

Pessoal, não pretendo me estender mais, está tudo na página
http://www.nicoassumpcao.com.br/home.html



Inacreditável!
Como o Nico estava feliz (é muita arte)!
O Robertinho Silva não vale, esse está sempre rindo.


Nico Assumpção - Contrabaixo Brasil


Já vou falar muito desse cara aí, magrinho, no contrabaixo.
Por enquanto vão ouvindo essa pedreira.

Vera Cruz (Milton Nascimento)

Larry Coryell - Guitarra
Glauton Campelo - Piano
Nico Assumpção - Baixo
Widor Santiago - Flugelhorn
Carlos Bala - Bateria

domingo, 11 de dezembro de 2011

Manuel Gusmão - Contrabaixo Brasil

Pedro Paulo (trompete), Luiz Carlos Vinhas (piano), Manuel Gusmão (baixo),
Dom Um Romão (bateria) e J.T. Meirelles (sax)

Manuel Gusmão (1934-2006)
Vou falar aqui um pouco sobre esse grande contrabaixista do Brasil que se chama Manuel Gusmão. Não é uma biografia, longe disso. São alguns dados que fui pegando aqui e ali como tantos outros. Apenas tento juntar os fatos e dar uma ordem cronológica. As pessoas que visitam esse blog também podem contribuir. Por exemplo: no encarte do relançamento do disco em CD do Meirelles, Copa 5, "O Som", a data de nascimento do Gusmão aparece como 1o de julho de 1934. Já vi 1927. E aí? Essa questão já está resolvida. Recebi um e-mail do Arnaldo DeSolteiro corrigindo essa pendência. Manuel Gusmão nasceu no Rio de Janeiro em 1o de junho de 1934. O site do DeSolteiro é http://jazzstation-oblogdearnaldodesouteiros.blogspot.com/. Vale a pena dar uma conferida.

A primeira informação sobre Gusmão aparece em comentário de Arnaldo DeSolteiro sobre o primeiro disco de Mario Castro Neves “Mário Castro Neves e Samba S.A.” de 1967.

Vejamos:

"Por volta de 1955, o quarteto formado por Mário, Leo, Iko e Oscar - informalmente conhecido como American Jazz Combo em apresentações na Rádio Difusora de Petrópolis, virou o quinteto “Os Modernos” com a adesão de Manuel Gusmão no vocal. “Nosso repertório incluía músicas do Mário e standards americanos”, relembra Gusmão, que entraria para a história da bossa como baixista dos discos de estréia de Jorge Ben (“Samba Esquema Novo”), Flora Purim (“Flora É MPM”), Meirelles (“Copa 5”) e Wanda Sá (“Vagamente”).

Nos anos 1950, logo após a 2ª Grande Guerra, o mundo respira Jazz. O cinema americano invade o mundo com sua propaganda e apoteose. O mundo é Hollywood e Disneylândia. Todo filme tem uma grande trilha sonora. A época sombria das bombas e do medo gera o som pesado dos porões e do Bebop. Da euforia a depressão nasce o Cool Jazz, com Miles Davis e companhia. O Rio de Janeiro, capital do Brasil, começa a sair da “fossa”, dos seus boleros e da sua "dor de cotovelo” pela perda da Copa de 50. Deixa de ser “Jeca”, esquece as suas sarnas e a rapadura e redescobre o samba. A batida pode ser a mesma, 2/4, mas agora o buraco é mais em baixo. Uma garotada que nasceu ouvindo jazz está na pista. Tocam muito. 

Em 1962 Gusmão participa da gravação do disco de Meirelles “João and His Bossa Kings – Cool Samba”. É um disco para o mercado americano, daí o título. João na realidade é João Theodoro Meirelles, o J.T. Meirelles conhecido nosso. Já coloquei esse disco aqui no blog.

Nesse mesmo ano, 1962, Gusmão funda o “Copa Trio” com João Palma na bateria e Toninho Oliveira no piano.
Nesse disco de vários artistas, 1965, o Copa Trio toca Meu Fraco é Café Forte, composição de Dom salvador

Por algum problema, sei lá, ele troca a turma para Dom Um Romão, na bateria e Dom Salvador no piano. Conheço o João Palma, muito bom, mas, do Toninho não me lembro. De qualquer forma, acho que a troca foi boa. Esse Trio da pesada acompanhou, aliás, deu uma força para Elis Regina em seu primeiro show no Beco das Garrafas (Little Club), que era quase um quartinho. Não sei como as pessoas se ajeitavam ali.

Na foto, em frente ao famoso ar Bottles, vemos: Dom Um Romão, Manuel Gusmão,
Jorge Ben e Dom Salvador.
(Livro - Bossa Nova - História Som e Imagem)


Gusmão, além do Copa Trio, ainda mantinha o Copa 5 com J.T. Meirelles (sax). Aí, sim, um time da pesada; samba-bossa-jazz na veia. Essa usina de som deu uma força para um pretinho cheio de ginga que pintava no Beco de vez em quando, um tal de Jorge Ben. Já tinha cantado rock e twist na Boate Plaza, na Princesa Isabel, mas não deu em nada. Quando encontrou essa galera a coisa mudou. Gravou com a turma “Samba Esquema Novo” (1963). Tocou “Mas, Que Nada” e “Por Causa de Você”. Umas besteiras para a turma acostumada a Miles Davis. Mas o swing era bom e o disco estourou nas paradas. Sérgio Mendes e Dom Um Romão ganharam uma grana legal com “Mas, Que Nada” lá na Disneylândia.




O Copa Trio só gravou um compacto de 78 rotações. Aparecem em algumas compilações por aí, como “A Bossa no Paramount” (1963) e “É Tempo de Música Popular Moderna” (1964), eu acho que é só isso. Já o Copa 5, deixou dois standards do gênero: “O Som” (1964) com Meirelles no sax, Gusmão no baixo, Pedro Paulo no trompete, Luiz Carlos Vinhas no piano e Dom Um Romão na bateria. Uma turma de respeito. Já no disco seguinte, “O Novo Som” (1965), sai o Vinhas e entra o Deodato no piano. Na bateria sai Dom Um e entra Edson Machado. Ou seja, só fera também. Essa nova formação contava ainda com Roberto Menescal (violão) e Waltel Branco (guitarra). Esses músicos eram tão bons, que cada um, mais tarde, seguiu seu rumo e construíram sólida carreira no Brasil e no exterior.



1964, Beco das Garrafas - Manuel Gusmão, Paulo Moura, J.T.Meirelles e Toninho Oliveira.
Em 1967, passa a tocar no Conjunto 3D de Antônio Adolfo. Esse grupo nasceu do Trio 3D, do próprio Antônio Adolfo, agora com vocais. Sua formação: Antônio Adolfo no piano, Nelson Serra de Castro na bateria, Manoel Gusmão no baixo, Hélio Delmiro (estreando) na guitarra, Bete Carvalho (em início de carreira) e Eduardo Conde nos vocais.

Bom, a partir daqui vou deixar vocês com o texto de Arnaldo DeSouteiro (Produtor musical, historiador de jazz e música brasileira, jornalista e educador – membro da IAJE, International Association of Jazz Educators), publicado em
após a morte desse grande músico.

Saudades de Manuel Gusmão
Jazz news
Nesse artigo testemunho, Arnaldo DeSolteiro fala sobre não só sobre o descaso com que a imprensa tratou o falecimento de Manuel Gusmão, mas também da importância desse grande contrabaixista brasileiro.

Gusmão (primeiro à esquerda) com o grupo Samba S.A. (Mario Castro-Neves, Ithamara Koorax, Ana Zinger e César Machado) em 2004.
(25/05/2006 - Arnaldo DeSouteiro).

Não foi a primeira vez, nem será a última. Aconteceu com Laurindo Almeida, Lindolfo Gaya, Milton Banana, Zé Bodega, Juarez Araújo; alguns dos maiores músicos da história morreram sem merecer um obituário nos chamados “grandes jornais”. Afinal, morto não tem como pagar jabá e a família não tem tempo de preparar press-release. Além do mais, já vai longe o tempo em que artista, ao passar desta para melhor, merecia ter sua obra revista nos cadernos de cultura por um suposto "especialista". Hoje, algum amigo influente consegue no máximo um obituário todo truncado no primeiro caderno, ao lado do noticiário criminal – Eloir de Moraes, Luiz Bonfá e Dom Um Romão conseguiram este “privilégio”, com suas carreiras (mal) revisadas em textos deploráveis.

Manuel Gusmão mereceu um aviso de missa de sétimo dia da sempre amável Hilde e outra nota na coluna do sempre atento Tárik, no JB. E só. Tenho certeza de que ambos os ilustres jornalistas gostariam de ter dado mais espaço a Gusmão.

Brilhante trajetória
Minha admiração por Gusmão começou na infância, por conta de sua participação no lp de estréia de Flora Purim (“Flora é MPM”), cujo primeiro relançamento mundial em cd eu tive o prazer de produzir em 2001. Foi gravado em 1964, ano em que o samba-jazz estava no auge. Mas Gusmão já reinava como baixista nº 1 da bossa desde a abertura dos clubes (Bottles, Baccara, Little Club) do Beco das Garrafas. Fundador do Copa Trio, com Toninho Oliveira ao piano e João Palma (então com 17 anos) na bateria, chamou Dom Um Romão quando Palma ingressou no serviço militar. Mais tarde, depois de Romão conhecer Dom Salvador durante uma viagem a São Paulo, o pianista nascido em Rio Claro substituiu Toninho, compondo-se assim a formação mais conhecida do conjunto.

O Copa Trio acompanhou Elis Regina em seu primeiro show, realizado no Little Club (com participações especiais do pandeirista Gaguinho e da bailarina Marly Tavares) e depois no Bottle’s, antes de seguir para o Teatro Paramount, em São Paulo. No livro “Chega de saudade”, Ruy Castro conta que “o hotel Danúbio praticou racismo explícito e recusou-se a receber Dom Um e Salvador, Elis e Gusmão armaram uma cena na recepção e, com a intervenção de Walter Silva, o hotel só faltou dar a suíte presidencial aos dois músicos negros”. Talvez para evitar que o problema se repetisse, além da óbvia economia financeira, nos shows seguintes o Copa Trio acabou cedendo lugar ao Jongo Trio (de Sabá, Cido Biancchi e Toninho Pinheiro), sediado em Sampa.

Em seu website, o produtor e radialista Walter Silva (Pica-Pau), comenta a presença do Copa Trio na compilação “A bossa no Paramount” (RGE). Destaque para o número criado para o show O Remédio é Bossa, de 26 de outubro de 1964, quando Elis Regina e Marcos Valle, com a participação do Copa Trio, tiraram da platéia os maiores aplausos daquela noite cantando Terra de Ninguém, de Marcos e Paulo Sergio Valle. O número começa com Marcos, ao violão, com um filete de luz dourada sobre sua cabeça, vestindo um suéter azul-turquesa e termina com Elis surgindo no meio do número, sobre um praticável redondo com o ritmo sendo desdobrado, por Dom Um na bateria, Salvador no piano e Gusmão no contrabaixo que soou como uma explosão, levantando a platéia, em delírio. Inesquecível”.

Enquanto isso, no Rio, um futuro astro vivia dando canja nos shows do Copa Trio desde 1961, convidado por Gusmão, seu companheiro nas peladas do Posto Seis: Jorge Ben, para quem os puristas logo torceram o nariz. Mas Gusmão se divertia quando ele cantava “Por causa de voxê, menina”. Esta música e principalmente “Mas que nada” despertaram a atenção de João Mello e Armando Pittigliani, produtores que logo o contrataram em 1963 para a Philips. Puxado pelas duas canções (originalmente lançadas em um 78 rotações!), o LP “Samba esquema novo” trazia arranjos de Meirelles, Gaya e Luiz Carlos Vinhas, com o grupo Copa 5 na base. Explica-se: paralelamente ao Copa Trio existia o Copa 5, liderado pelo saxofonista João Theodoro Meirelles e complementado por Pedro Paulo no trompete.

O estouro de “Samba esquema novo”, que atingiu a marca de 100 mil cópias, levou a Philips a convocar Jorge para dois discos em 64: “Sacundin ben samba” e “Ben é samba bom”, novamente com o suporte imprescindível do Copa 5. Naquele mesmo ano e para o mesmo selo, o grupo participou de “A bossa moderna de Luiz Henrique”. No embalo, Pittigliani autorizou o primeiro LP de Dom Um Romão (“Dom Um”, com Gusmão na base de uma big-band infernal) e a estréia de Meirelles e Os Copa 5 (já com Luiz Carlos Vinhas ao piano) no ultra-jazzístico “O som”, seguido em 65 pelo “O novo som”, ficando apenas Meirelles e Gusmão da formação original, com Eumir Deodato ao piano, Edison Machado na bateria, Waltel Branco (guitarra) e Roberto Menescal (violão). Isso mesmo: seis músicos, apesar do nome permanecer Copa 5.

Ah, antes disso, ainda em 64 Gusmão havia tocado em duas faixas (“Vivo sonhando” e “Vagamente”) do “Wanda vagamente” de Wanda Sá na RGE, integrando o conjunto do pianista Tenório Jr. (com Celso Brando, Pedro Paulo e Edison Machado). E se, infelizmente, o Copa Trio nunca registrou um disco inteiro em seu nome, pelo menos gravou uma faixa fenomenal (“Meu fraco é café forte”, de Dom Salvador, com solos não menos espetaculares de Gusmão e Dom Um) para o LP “É tempo de música popular moderna”, captado ao vivo no Leme Palace Hotel, em 7 de agosto de 64, durante concerto beneficente organizado por Stella Marinho, então esposa do jornalista Roberto Marinho, reunindo também Luiz Henrique, Os Cariocas, Jorge Ben e Tamba Trio. Apesar da precária qualidade técnica, consegui incluir esta preciosa faixa na compilação “A trip to Brazil vol.3: back to bossa”, lançada no exterior pela Universal em 2002.

Aclamação mundial
Comparado pelo All Music Guide a Ron Carter e Richard Davis, influenciado por Percy Heath e Ray Brown, Gusmão mostrou toda a sua classe nos dois discos do Copa 5, relançados em CD pelo selo Dubas. Sua execução limpa, precisa e segura, altamente jazzística, diferenciava-se da técnica rudimentar de outros baixistas da bossa. Além do mais, ele sabia orientar o posicionamento do microfone. Por isso, nenhum outro disco daquela época trazia um som de contrabaixo superior ao encontrado em “O som” e “O novo som”. Liderando seu próprio trio, ao lado de Edison Machado e do pianista Moacir Peixoto, Gusmão rumou para os EUA e depois para o México, onde viveu durante quatro anos. “Fiquei amigo do principal empresário mexicano, Rogelio Villa Real, sócio da cadeia de hotéis Camiño Real e de um local maravilhoso chamado El Señorial, que abrigava nada menos que cinco casas de shows. Depois da Copa de 70, aí a coisa explodiu de vez, só dava Brasil”, contou-me em 2001, em depoimento utilizado no texto para o CD “Carlos Lyra Saravá!”

Excursionou pela Europa e, após temporada na Alemanha, voltou ao Brasil em 1975, quando conheceu Aparecida. Passou a tocar com João Donato e Edison Machado no Breguete, o mais punk clube de jazz do Brasil, em cima de um posto de gasolina na entrada de Petrópolis, onde o impacto de ouvir aqueles músicos marcou a minha infância. Reencontrei Gusmão em 1981, tocando no restaurante Parky’s (de Marly Sampaio e Lucia Sweet), em São Conrado. Depois veio a fase de ouvi-lo todas as noites em suas temporadas nas boates Calígula (por volta de 85), People, Club 1 (em trio intimista, sem bateria, ao lado de José Roberto Bertrami e Maria Fattoruso em 93), Noturno (com Edson Frederico) e finalmente no Guimas, já no novo milênio. Também excelente cantor, vidrado em Sinatra e Nat King Cole, sabia de cor todos os standards.

Bossa eterna
Durante uma das vindas de Dom Salvador ao Brasil, em 2000, Dom Um Romão e Gusmão tentaram realizar o sonho de fazer um disco do Copa Trio. Tivemos algumas reuniões na minha casa, mas Salvador precisava retornar logo para NY, e o projeto terminou arquivado. Gusmão também mostrava-se reticente em voltar a gravar – algo que não fazia desde o LP “Muito na onda”, do Conjunto 3-D (liderado por Antonio Adolfo com Beth Carvalho, Eduardo Conde, Nelson Serra e marcando o début de Helio Delmiro) para o selo Copacabana em 1967. Mas acabei convencendo-o a participar, ao lado de Dom Um, do disco de estréia (mais um!) da pianista Paula Faour, “Cool bossa struttin’”, de grande repercussão em 2002 no Japão, onde Gusmão foi chamado de “o Ray Brown brasileiro” pela revista Swing Journal. Sua execução em todas as faixas, notadamente “O grande amor”, “Tristeza” e “Blue in green”, é brilhante. E, além de produzir o CD, ainda tive a alegria de dividir os vocais com Gusmão e Paula na faixa “Mr. Tom”.

Outra sessão memorável que produzi para o meu selo JSR, com Gusmão arrasando em todas as músicas, aconteceu em janeiro de 2004 para o álbum “On a clear bossa day”, reativando o quinteto Samba S.A. de Mario Castro-Neves (com César Machado na bateria, Ithamara Koorax e Ana Zinger nos vocais). Novamente a imprensa japonesa se derramou em elogios ao trabalho de Gusmão, em especial à faixa “Tokyo waltz”. Nossa última gravação aconteceu para o próximo disco de Ithamara. Neste momento, o mercado europeu recebe os singles dos primeiros remixes, incluindo a faixa “O vento”, com uma primorosa performance de Gusmão usando o arco do contrabaixo. Tomamos um whiskinho para comemorar. Afinal, apesar do marca-passo, ele próprio avisava: “Não sou homem de alface”. Saudade.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

João Donato - Amazonas



Taí mais um disco a cara do Donato. Sem pretenção, gravado aqui mesmo, no Rio, em 1999 na AR Studios. Não sei onde fica. Tem uns amigos dele, uns gringos, que vieram ouvir e produzir esse "disquinho".
Vocês vão ouvir, é um som gostoso pra namorar e ouvir no carro subindo a serra pra Itaipava em tardes de frio. Aquela lareira e a namorada!

Torloni e Donato. É tudo magia.



A foto aí tem o autógrafo da Cristiane Torloni.
Estava eu aqui na minha terra, Búzios, e o Donato veio tocar no Pátio Havana. Nessa época era tudo Amazônia. E o cara não parava de tocar, com um trio da pesada. Eu queria um autógrafo, pois já frequentamos os mesmos estúdios em Botafogo, RJ. Ele com a sua banda e eu com a minha, modéstia à parte. Bom, aí a Cristiane, falou, "já que ele não vai autografar, eu vou". É isso aí.
Chega de frescura, vamos ouvir o disco.

Acho que já está tudo escrito na contra-capa.