sábado, 30 de outubro de 2010

Os Sete de Ouros - Impacto - 1964



* Vou escrever mais tarde sobre esse disco e esses grandes músicos.


Músicos
José Marinho (piano, arranjo)
Maestro Cipó (sax tenor, arranjo)
K-Ximbinho (sax alto, arranjo)
Gennaldo (sax baritono)
Ed. Maciel (trombone)
Julinho (piston, arranjo)
Papão (bateria)
Vidal (baixo)
Myrzo Barroso (vocal - 10)


Músicas
01 - West Samba (Orlando Costa ''Maestro Cipó'')
02 - O Amor Que Acabou (Chico Feitosa / Luis Fernando Freire)
03 - Todo Dia É Dia de Chorar (Romeo Nunes / Carlito)
04 - O Morro Não Tem Vez (Tom Jobim / Vinicius de Moraes)
05 - Vagamente (Roberto Menescal / Ronaldo Bôscoli)
06 - Vou de Samba Com Você (João Mello)
07 - Só Balanço (Julinho)
08 - Samba Day (Maciel)
09 - Jambete (Hélton Menezes)
10 - Meu Pranto (Baden Powell / Mário Telles) com Myrzo Barroso
11 - Serenata Africana (K-Ximbinho)
12 - Balanço do Coração (José Marinho)

Conforme prometido, o que descobri da turma é o seguinte:

Julinho (Júlio Barbosa)
Um dos grandes trompetistas brasileiros, e são muitos, além de compositor e arranjador. Tocou na Orquestra do Maestro Cipó, Peruzzi e Severino Araújo. Parece que os maiores músicos do Brasil passaram pela Orquestra Tabajaras. Aliás, Julinho fez muitos arranjos para a Tabajaras no período de gravações e concertos na antiga TV Rio, no Posto 6, no Rio de Janeiro. No local hoje é um hotel de luxo. Foi nesta época que ele ficou conhecido como Julinho do Trompete.

Dois discos de Julinho: “O som do Julinho” e “100% Bossa”. Os músicos que tocam nesses discos são nada menos que Dom Salvador (piano), Oberdan Magalhães (sax), Robertinho Silva (bateria), Neco (guitarra) e Luiz Carlos (baixo).

Na Alemanha integrou a big-band do maestro Max Greger, considerada uma das melhores da Europa. Depois formou sua própria banda e se estabeleceu em Munique.

Em 1999 lançou o disco “Embalo” com seu grupo Embalo (Mamão – bateria, Hermeto Pascoal – teclados, Don Chacal – percussão e Paulo Russo – baixo)

Em 2005 formou o grupo “Julio Barbosa Septeto” (Fernando Merlino - teclados, Daniel Garcia - sax e flautas, Bruno Migliari - baixo, Pascoal Meireles - bateria, Altair Martins - trompete e Jonson Nogueira - trombone). Tá na pista.

Maestro Cipó (Orlando Silva de Oliveira Costa)
Instrumentista, arranjador, compositor e maestro. E gente boa.
Nasceu em Itapira, SP em 1922 e faleceu no Rio em 1992.

Cipó foi um dos grandes arranjadores e orquestrador brasileiro dos anos 60 e 70, reconhecido internacionalmente. Na Inglaterra lançou vários discos de bossa nova. Trabalhou por muitos anos na televisão como diretor musical, criando trilhas, orquestração e arranjos para diversos artistas. Cipó foi adotado por uma família inglesa e ganhou esse apelido por ser muito bagunceiro e magricela. Era chamado de Orlando Cipó.

As primeiras menções ao trabalho de Cipó como arranjador datam do início da década de 1950, quando escreveu arranjos para o programa “Batida de Samba”, da Rádio Tupi.

Cipó começou na carreira na Rádio Tupi. Chegou a ser diretor musical da extinta TV Tupi. Trabalhou também na Rede Globo como maestro e arranjador. Formou a Orquestra do Maestro Cipó, que ficou mais de 20 anos na pista. Sempre com arranjo voltado para a autêntica música brasileira. Com muito balanço e sofisticação. Um bom exemplo é o arranjo para a música Berimbau de Baden e Vinícius. Um naipe de metais brincando com as variações da Capoeira. Vale conferir.

Cipó tocou muito na Europa e Estados Unidos com sua orquestra. Lançou aqueles discos tipo exportação muito comuns na época de divulgação da música brasileira pré e pós Bossa Nova. Mas não me lembro de ter feito concessões. Era música brasileira com arranjo brasileiro ou nada. Um bom disco dessa fase é o Cipó and His Authentic Rhithm Group – Brazilian Beat – (1965). Tem outro também de 1964 – A Fantástica Orquestra de Stúdio de Cipó. Só não gostei do Stúdio. Poderia ser Estúdio mesmo. Taí uma bobeira que talvez Cipó não tenha gostado.

Cipó fez arranjos e acompanhou muitos cantores famosos e em início de carreira. Um bom exemplo do estilo Cipó é o disco de estréia de Bethânia (1965). Cipó é o autor de maioria dos arranjos, e ainda participa com seu saxofone em diversas faixas. Se fosse americano seria um Nelson Riddle, que se celebrizou por fazer o acompanhamento de cantores famosos.

K-Ximbinho (Sebastião de Barros)
Foi um dos grandes arranjadores do Brasil, embora não seja tão badalado como Moacir Santos e Deodato, que tiveram suas carreiras reconhecidas no EUA. Foi um músico muito importante para o desenvolvimento do arranjo moderno no Brasil. Introduziu a trompa, o violoncelo e o oboé no Choro brasileiro. Começou tocando clarinete na infância e depois passou para o sax, ganhando assim o apelido de K-Ximbinho. Aos 21 anos já era membro da Orquestra Tabajaras do exigente Severino Araújo. Embora fosse também grande compositor foi como arranjador que ele se destacou. O número de orquestras para os quais fez arranjos é um absurdo. Entre elas estão: Tabajaras, Odeon, Polydor e TV Globo. Faleceu em 1980. Só lembrado por músicos e amigos. Se fosse americano seria um monstro consagrado. Triste Brasil.

Papão – (não sei qual o nome verdadeiro dele)
Tocou no disco Meus Caros Amigos do Chico Buarque de Holanda na música “Olhos nos Olhos”. Tocou com Jorginho do Império no disco “Viva Meu Samba", tocou com os Sete de Ouros e muito mais. Vou me lembrando aos poucos. É pouca informação para um músico desse quilate. Papão também tocou no LP de Walmir Lima de 1980.

Papão sempre esteve cercado de grandes músicos: Dino (violão de 7 cordas), Neco (cavaco), Aldo (baixo), Freitas (violão), Jorginho (flauta), Netinho (sax e clarinete), Edi Maciel (trombone), Hélio Capucci (viola de 12 cordas) e Chiquinho (acordeon). Quem tem discos de samba dessa época certamente encontrará esta turma. No ritmo um time de primeira: Ubirani, Almir Guinetto, Bolão, Pirulito, Juca (já falecido, tocava surdo no grupo da Beth Carvalho) e Pesão entre outras feras.

No Google não tem muita coisa. Procure por Papão (bateria), Gennaldo (sax barítono), Vidal (baixo). Vai cair nesses discos, e fim de papo. Se for procurar por José Marinho, grande pianista e arranjador, aí ... Volto já.

Gennaldo – Gennaldo Medeiros dos Santos
Tocou na Orquestra Tabajaras de Severino Araújo nos anos 50 e fez outros bicos por aí. Lógico que ele é muito rodado.

Em 1960 tocou no disco “Os Sax Sambistas Brasileiros”. Olha só a turma: Jayme Araujo de Oliveira, Laerte Gomes, Giuseppe Sergi, Jorge Ferreira da Silva (sax alto), Moacir Marques da Silva, Zé Bodega (José Araujo de Oliveira), Juarez Assiz de Araujo, Lourival Clementino de Souza (sax tenor), Aderbal Moreira, Genaldo Medeiros dos Santos (sax barítono), José Claudio das Neves (vibrafone), Tião Marinho (Sebastião Marinho) (contra baixo), Waltel Branco (guitarra), Plínio Araujo de Oliveira (bateria), Milton Marçal, Alcebíades Barcelos ("Bide"), Pedro Melo dos Santos (percussão).

Estou procurando mais informação sobre ele. Se alguém souber, é só avisar que eu coloco aqui.

A finalidade do blog é essa mesmo. Preservar a memória da boa música brasileira. Conto com a ajuda de todos. Nada aqui é exclusivo, só meu. É de todos que me ajudam na pesquisa e de todos que lêem e dão palpite.

Vidal (também não sei o seu nome)
A primeira vez que ouvi falar de Vidal foi no disco “Na batida do samba - Risadinha com Orquestra de Vadico”. Risadinha (Francisco Ferraz Netto) e a orquestra de Vadico era: Coruja, Walter e Monteiro saxes, Canuto e Laerte no trompete, Meirelles na flauta, Raul de Barros e Capilé no trombone, Vivi e João Batista na clarineta, Maestro Chiquinho no acordeon, Menezes na guitarra, Vidal no baixo, Trinca e Dom Um Romão na bateria e Mestre Bide e Sebastião na percussão. Já sentiu o nível da turma. Isso aí é antes da Bossa.

Aparece também com a Orquestra de Radames Gnattali – 1954, que era: Radamés Gnattali no piano, Chiquinho no acordeon, Zé Menezes na guitarra, Vidal no baixo e Luciano Perrone na bateria.

Myrzo Barroso
Cantor de técnica apurada gravou apenas um disco solo em 1965. Vou disponibilizar aqui. Participou como cantor em outros discos. Um deles é este aí com o Conjunto 7 de Ouros de 1966. No Youtube você encontra vídeo dele cantando com Elis Regina músicas de Cole Poter - George Gershwin. Sinceramente não sei por onde anda, nem se ainda está vivo.

Ed Maciel (Edmundo Maciel Palmeira)
Músico, arranjador, compositor e maestro.
Edmundo Maciel nasceu numa família de trombonistas. Seu pai e seus irmãos tocaram trombone, sendo que Edson (conhecido no Beco das Garras como Maciel Maluco), também seguiu carreira. Os irmãos chegaram a tocar juntos em alguns grupos.
Ed Maciel teve formação erudita. Chegou a tocar na Orquestra Sinfônica do Teatro Municipal. Tocou em orquestras de baile, muito comum nos idos de 50 e 60. Excursionou com essas orquestras por um tempo, depois formou seu próprio grupo os “Cariocas Serenaders” (Júlio Barbosa – piston, Moacir Marques da Silva - sax tenor, Paulinho Magalhães – bateria, Paulo Moura – clarinete, Chaim Lewak – piano e Aderbal Moreira – sax barítono. Depois formou o Conjunto 7 de Ouros.

Em 1966 formou a Edson Maciel e Sua Orquestra. Lançou 11 discos de baile.

Além dessas funções, ainda tinha tempo para participar de outros grupos, como: Os Gatos, de Eumir Deodato e Durval Ferreira, Os Cobras de Moacyr Silva e Waltel Branco, etc. Também fez arranjos e participou de discos de estúdios da nata da MPB.

Tudo isso ao mesmo tempo, junto. Haja fôlego.

* Esse disco acho que não saiu em CD.


0 comentários: