Antonio Álvaro Assumpção Neto, nasceu em São Paulo em 13 de agosto de 1954. Para mim o maior baixista que já vi tocar. Não estou falando apenas de nível Brasil. A sua morte prematura, com apenas 47 anos, deixou muita saudade. Ainda tinha muito que aprender e ensinar para a garotada que veio depois.
A paixão pelos Beatles e pelo Jazz sempre esteve presente em sua vida. Quando criança chegou a tocar numa banda “cover” dos garotos de Liverpool enquanto ouvia os discos de jazz do seu pai. Um de seus últimos projetos (1999), em parceria com Nelson Faria (guitarra) e José Namen (piano), era tocar Beatles em ritmo brasileiro. Não sei o que deu esse trabalho.
Nico, enquanto estudava com Luiz Chaves (o grande baixista do Zimbo Trio), tocava com um grupo de jazz nas noites paulistanas. Depois fez parte da banda de Arrigo Barnabé (“Clara Crocodilo”).
Em 1975 formou um trio com Eliane Elias (piano) e Paulo Cardoso (bateria), alunos do CLAM (escola do Luiz Chaves).
Em 1994, Nico Assumpção e Eliane Elias voltam a se encontrar no grande disco de Joe Henderson “Double Rainbow – The Music of Antônio Carlos Jobim”. A turma da pesada que toca no disco é composta por: Joe Henderson (sax tenor), Oscar Castro Neves (violão), Eliane Elias e Herbie Hancock, revezando no piano, Jack DeJohnette e Paulinho Braga (bateria) e Nico Assumpção e Christian McBride (no baixo). Esse disco seria uma parceria/homenagem de Henderson a Jobim, mas, infelizmente, Jobim partiu antes. Aliás, quase na hora. Jobim faleceu em 1994 e o disco foi lançado em 1995. Tem muita história sobre esse disco, depois eu comento.
Nico estudou na famosa escola de Boston, “Berklee College Of Music”. Lá fez arranjo e orquestração. Favor não confundir com aquela outra lá da Califórnia, a Berkeley, onde Jimi Hendrix fez o seu melhor show, em 1970, pouco antes de morrer. Em Boston a coisa era mais em baixo. Não desfazendo da outra, da guitarra.
Na década de 1970, Nico conheceu e tocou com a turma do Jazz nos EUA. Além de Ricardo Silveira (guitarra), que andava por lá, tocou com Claudio Roditi (gênio do trompete), Dom Um Romão (bateria), Charlie Rouse (sax), Dom Salvador (piano), Wayne Shorter (sax), Kenny Barron (piano), Billy Cobham (bateria) e muitos outros.
Na década de 1980, Nico volta para o Brasil e passa a morar não mais em São Paulo, mas agora no Rio de Janeiro. Cai na noite tocando com a nata da música instrumental que rolava na época. Era o Jazzmania, Mistura Fina, o Bar Prudente, etc. Tinha também as Domingueiras do Parque da Catacumba na Lagoa. Bons tempos.
Em 1985, toca no “Free Jazz Festival” com Ricardo Silveira (guitarra), Luiz Avellar (piano – outro monstro), Carlos Bala (bateria) e Steve Slagle (sax). Depois do show a galera corria pro Jazzmania, no Arpoador (Rio), para as famosas canjas. Preciso escrever alguma coisa sobre o Jazzmania e o Mistura Fina, duas casas noturnas do Rio que deixaram saudades. Sempre boa música. O Jazzmania era o sonho de consumo de todo músico aprendiz, como eu, tocar ali com aquelas feras. No Jazzmania cheguei a ver um show fantástico do Ricardo Silveira. Estava com uma namoradinha nova, que acabou se tornando minha esposa por 25 anos, quando vou dar uma chegada no banheiro, passo pelo balcão e vejo o Luizinho Eça, com aquele seu relógio quadrado, pedindo o seu “uisquinho”. Nessa noite ele não tocou nada. Devia ter vindo da Lagoa, do Chico´s Bar, para dar uma esticada, como era do seu costume. O Chico´s Bar também tem história, não pelo dono, que não me interessa, mas pela música. Você sabia que o Bill Evans tocou no Chico´s Bar? Com quem? Já vou responder.
O parágrafo acima foi maior que o normal, eu sei, mas tinha que dar uma idéia de como eram as noites do Rio nessa época. Ainda tem muito mais. Tinha também o People, no Leblon. “Mas aí, é outra história”.
Na década de 1990, Nico toca com todo mundo. É jazz, bossa, samba, choro, MPB e tudo que aparece: Simone, Wagner Tiso, Raphael Rabelo (saudades), Gal, Edú Lobo, Leny Andrade, Ivan Lins, César Camargo Mariano e já nem me lembro mais. Fora a turma de fora: Dionne Warwick, Joe Henderson, Phil Sheeran, Larry Coryell, Billy Cobham, etc. Coloquei aí em baixo, no blog, uma “sonzeira” com essa turma gravada em Salvador.
Em 1984, Nico grava com João Bosco o disco “Gagabirô”. João tinha brigado com Aldir e a gente nunca sabia o que viria dali pra frente. Afinal, a dupla sempre trazia algo cada vez melhor no próximo disco. A afinidade entre os dois é surpreendente; baixo, violão e voz criam uma música cheia de swing e levadas, “cada um levantando pro outro cortar”. Nascia uma dupla da pesada. Eram dois temperamentos fortes, duros de agüentar: “pavio curto”. A gente notava o respeito que cada um tinha pelo outro e a felicidade dos dois. Acho que foi uma das melhores fases de ambos. Essa “Linha de Passe” durou 15 anos. Tem muita coisa no Youtube, vale à pena conferir. Coloquei “Corsário” aqui no blog. É de arrepiar!
Nico Assumpção, segundo sua esposa Rossana, vivia para o contrabaixo às 24h do dia. “Era o dia 20 de janeiro de 2001. Nico faleceu (câncer no pulmão) e suas cinzas, no dia seguinte, foram depositadas na lagoa Rodrigo de Freitas. Nesse local, há uma placa em sua homenagem, colocada sob uma árvore, com o nome "Recanto Nico Assumpção". “10 Anos de Saudade”.
O famoso "Parque dos Patins", na Lagoa Rodrigo de Freitas (RJ), é também conhecido como "Espaço Victor Assis Brasil". Eu proponho que lá pelos lados do Jardim Botânico (na Lagoa) seja criado o "Espaço Marcio Montarroyos". Mais ao Norte (olhando da Curva do Calombo em direção a Pedra da Gávea, que eu não sou maluco, eu sou geólogo) , lá pelos lados do Leblon, mais perto do antigo People, o "Espaço Edson Machado". E mais pra perto da Praia de Ipanema, ainda na Lagoa, pros lados do Caiçara, o "Espaço Luizinho Eça". Dizem que Tom Jobim, quando era pequeno, nadou muito na Lagoa. Já pensou!?
A Banda que eu não vi tocar (juntos): a Melhor Banda do Mundo: Nico Assumpção, Victor Assis Brasil, Marcio Montarroyos, Edson Machado, Luizinho Eça.
Pessoal, não pretendo me estender mais, está tudo na página
http://www.nicoassumpcao.com.br/home.html
Inacreditável!
Como o Nico estava feliz (é muita arte)!
O Robertinho Silva não vale, esse está sempre rindo.
Como o Nico estava feliz (é muita arte)!
O Robertinho Silva não vale, esse está sempre rindo.
2 comentários:
Uma homenagem ao grande Nico Assumpção
https://www.youtube.com/watch?v=finuwDVBSgw
Valeu. Muito bom.
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