Sabá (Sebastião Oliveira da Paz) - 1927-2010
Nasceu em Belém do Pará em 1927. Seu pai comandava a orquestra Oliveira Paz que animava festas na cidade. Sua mãe, exímia pianista, era sempre requisitada para acompanhar os artista do rádio provenientes do Rio e São Paulo que se apresentavam em Belém. Tanto a orquestra como os músicos ensaiavam na casa dos pais. Foi nesse ambiente que Sabá e seu irmão Luís Chaves (grande contrabaixista do Zimbo Trio) se desenvolveram. Com ouvido extremamente apurado e convivendo nesse meio musical, é incrível que Sabá nunca tenha aprendido a ler partitura (depoimento para o Clube do Jazz). Eu, particularmente, não acredito, pois era um grande arranjador. Acho que não lia tão rápido como os cobras da época e não via necessidade nisso pois conhecia a maioria das músicas de cabeça.
Na década de 50, já em São Paulo, passa a tocar com o grande pianista Rogério Robledo no Cléride Hotel e percorre as boates da efervescente vida noturna paulista da época. Em 1965 forma o Jongo Trio com Cido (Aparecido Bianchi - piano) e Toninho (Antônio Pinheiro Filho – bateria). O disco de estréia se torna rapidamente um standard do samba-jazz. O reconhecimento do Jongo se consolida quando se torna o grupo de apoio de Jair Rodrigues e Elis Regina no famoso programa O Fino da Bossa da TV Record de São Paulo. Gravaram 3 discos ao vivo nesse período que se tornou um enorme sucesso; 2 na Bossa.
Em 1966 Sabá e Toninho são convidados para tocar no Cesar Camargo Mariano Octeto e gravam um grande disco. Neste mesmo ano, junto com César, formam o Som Três, e lançam o disco Som Três Vol. 1. De 1966 a 1970 o Trio grava cinco discos combinando diversos estilos sempre com enorme sucesso. Nesse período o Som Três se torna o grupo de apoio para Wilson Simonal tanto nos palcos como em diversos discos do cantor. Foi o período de maior sucesso de Simonal.
Em 1971 César Camargo abandona Simonal e passa a acompanhar e fazer arranjos para Elis Regina. Novamente o amigo convida Sabá e Toninho para essa nova empreitada, mas eles preferiam seguir carreira com Dick Farney num som mais jazzístico e gravam excelentes discos. Parece que o problema tinha sido a experiência anterior com a Pimentinha na época do Jongo com o Fino da Bossa. Faz sentido.
Sabá ainda tocou com Alaíde Costa, Elizeth Cardoso, Claudete Soares e muitos outros artistas do primeiro time. Sempre com uma sonoridade elegante e precisa. No final dos anos 70 praticamente abandonou a profissão de baixista e passou a atuar como radialista, apresentando o programa Clube da Música na Rádio Trianon de São Paulo. Nesse período não sei de nenhuma participação de Sabá em discos próprios ou acompanhando outros cantores.
Em 2002 Sabá tenta reviver o Jongo Trio e lança um disco, mas aí, já com 75 anos, o pique era outro. Sabá faleceu em fevereiro de 2010 em decorrência do Mal de Alzheimer, a mesma doença que acometeu seu irmão Luis Chaves, o grande contrabaixista do Zimbo Trio. Uma fatalidade. Dois grandes músicos, irmãos, apaixonados pelo mesmo instrumento.
Quando descobri essa triste coincidência resolvi escrever sobre os grandes contrabaixistas do Brasil, que, geralmente, atuam lá atrás das estrelas e quase sempre são esquecidos.
No vídeo que postei aí em baixo podemos ver Sabá com Toninho e Dick Farney em ação.
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